Netflix: seis dramas para entender a dramática vida na África
Adú é uma das novidades na plataforma de streaming
Foi um “garimpo” difícil. Após ver Adú, um filme espanhol mas que trata de um problema migratório na África, decide ir atrás de outras produções com temas dramáticos, porém originais do continente africano. Há na Netflix vários longas-metragens de Nollyhood, como é conhecida a indústria cinematográfica da Nigéria, uma das maiores do mundo. Confesso que comecei a ver cinco (!) filmes e parei no meio do caminho. Além de produções baratas, as histórias não me convenceram. Achei, porém, um filme de Moçambique, recém-lançado pela plataforma. Confira abaixo minhas seis dicas para conhecer um pouco mais da vida africana.
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Adú > Há três núcleos no drama espanhol e, em algum ponto da história, seus personagens vão se esbarrar. Na mais poderosa e forte das tramas, o garoto do título, interpretado pelo expressivo Moustapha Oumarou, vê sua mãe ser assassinada e, acompanhado da irmã mais velha, foge de Camarões em busca do pai. No mesmo país africano, um filantropo de Madri (Luis Tosar) entra em atrito com os nativos por ser um ferrenho inimigo de caçadores de elefantes. Já em Melilla, cidade da Espanha no norte da África, policiais terão de encarar um tribunal após a morte de um homem que tentou entrar ilegalmente em território espanhol. A trajetória de Adú, triste e repleta de perigos e surpresas, sinaliza para as tragédias da crise migratória. Num misto de registro autêntico com passagens de emoções descontroladas, o filme expõe as feridas africanas, só que sob a óptica do europeu. Netflix.
Joy > A protagonista-título, papel de Anwulika Alphonsus, ganha a vida como prostituta na Áustria. Vinda da Nigéria, ela precisa vender o corpo para pagar a grande dívida que tem com sua cafetina, uma conterrânea exploradora e traficante de africanas para a Europa. Candidato austríaco no Oscar 2020 e dirigido por Sudabeh Morteza, alemã de origem iraniana, Joy não usa meios-termos. Vai fundo ao tocar nos sufocos das profissionais do sexo: a imigração ilegal, o estupro coletivo, a dificuldade de um relacionamento amoroso, além do vazio, da solidão e da saudade do país de origem. Em seu terço final, a história tem elipses — são trechos da trama que ganham um ritmo acelerado e, sem dar muitas explicações, deixam no ar algumas perguntas. Netflix.
Resgate > Não confunda com o filme homônimo estrelado por Chris Hemsworth. Recém-chegado à Netflix, é o primeiro filme moçambicano a entrar na plataforma de streaming. Vale pela curiosidade, já que atores fracos e a direção por vezes frouxa comprometem o resultado. Numa realidade não muito distante da brasileira, a trama tem início com a saída de Bruno (Gil Alexandre) da prisão. Ele quer voltar para a esposa (Arlete Guillermina Bombe) e para sua bebê e reconstruir a vida como mecânico. Ao saber que sua mãe, que morreu dois meses antes, contraiu uma dívida bancária de 30 000 dólares, Bruno terá de recorrer à bandidagem para conseguir a grana. A modesta produção não prejudica seu objetivo: revelar com autenticidade a realidade do submundo de Maputo, controlado por muçulmanos. Netflix.
O Menino que Descobriu o Vento > Num país da África, um garoto que não tem dinheiro para estudar tenta descobrir uma maneira de construir um moinho para trazer água até sua aldeia. Baseado em história real. Netflix.
Atlantique > No Senegal, a diretora francesa Mati Diop flagra o dilema de Ada, papel de Mama Sane. A jovem é apaixonada por um rapaz humilde e, a contragosto, vai se casar com um moço de família abastada. A história de amor proibido toma, porém, outro rumo com a entrada em cena de espectros em busca de vingança — o roteiro passa para o plano do sobrenatural e seu desfecho tem variadas leituras.
Beasts of no Nation > Grande sucesso da Netflix em 2015, o filme enfoca a guerra civil num país não identificado (a história é inspirada no livro de um autor nigeriano). Agu é um menino que vive numa aldeia com seus pais e, após passar um turbilhão de contratempos, será recrutado pela milícia. Netflix.
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