Duas estreias nos cinemas estão entre as melhores do ano
Depois de doze estreias na semana passada, sexta-feira fica mais enxuta de lançamentos nos cinemas: “apenas” sete filmes entram em cartaz. Boa notícia: o número de títulos é menor, mas a qualidade é maior. Indico três longas-metragens de olhos fechados – dois deles, certamente, entrariam na minha lista dos melhores do ano. O primeiro é […]
Depois de doze estreias na semana passada, sexta-feira fica mais enxuta de lançamentos nos cinemas: “apenas” sete filmes entram em cartaz. Boa notícia: o número de títulos é menor, mas a qualidade é maior. Indico três longas-metragens de olhos fechados – dois deles, certamente, entrariam na minha lista dos melhores do ano.
O primeiro é Argo (foto acima), terceiro filme dirigido pelo ator Ben Affeck, que supera seus trabalhos anteriores em todos os quesitos: ritmo, direção de arte, fluência da narrativa, comando de atores e, sobretudo, roteiro, bem mais interessante do que os de Medo da Verdade e Atração Perigosa. Jamais achei que fosse encontrar em Affeck um diretor de respeito. Tiro o chapéu para ele e torço para que seu nome esteja entre os cineastas indicados ao Oscar de 2013.
Serei rápido e rasteiro: a fita recria um episódio ocorrido em 1979 quando os iranianos, revoltados com os Estados Unidos, invadiram a embaixada americana em Teerã e fizeram funcionários reféns. Seis conseguiram escapar e se refugiaram na casa do embaixador canadense. Na pele do agente da CIA Tony Mendez, Affleck, muito discreto como protagonista, terá de resgatar o sexteto do Irã. Não me lembro de, recentemente, um filme ter me deixado tão angustiado. Eu não sabia o desfecho da história. Isso só aumentou a carga de adrenalina para que eu ficasse inquieto na poltrona. Se não me falha a memória, nos últimos anos, algo parecido só havia acontecido com Voo United 93, em 2006.
Quase na mesma linha, mas num registro mais autoral, há o drama Em Nome de Deus (foto acima). Não gosto do título, que sugere algo religioso, na linha de Homens e Deuses. Nada disso! O tema aqui é pesado: um sequestro real, ocorrido em 2001, numa ilha das Filipinas, organizado por terroristas muçulmanos. O bando entrou num resort e levou vários nativos e estrangeiros, entre eles a personagem fictícia interpretada pela magnífica atriz francesa Isabelle Huppert. Adianto: tensão e agonia estão presentes durante as duas horas de projeção, conduzidas com precisão pelo diretor filipino Brillante Mendoza.
Também gostei muito da comédia inglesa Histeria (foto abaixo), outro filme que vale a pena investir tempo e dinheiro. Além de divertidíssima, a história, também inspirada em fatos reais, mostra a inusitada atividade de dois médicos na Londres de 1880. Quer saber do que se trata? Bom, lá pelas tantas, haverá a invenção de um rudimentar… vibrador (!!).
Fiquei levemente decepcionado com o novo filme do diretor iraniano Abbas Kiarostami, Um Alguém Apaixonado, já que havia adorado o anterior, Cópia Fiel. Kiarostami foi ao Japão e lá filmou a história de uma garota de programa que tem um encontro com um velho professor. O roteiro acompanha a curiosa aproximação destas duas pessoas tão distintas, mas, sinceramente, a história termina sem mais nem menos.
Fiquei ainda mais desgostoso com Marcados para Morrer, um policial estrelado por Jake Gyllenhaal, que segue a batidíssima fórmula de câmera na mão a fim de parecer um registro de estilo documental. A trama também não se presta a ser no mínimo original e usa velhos clichês do gênero. Para terminar, há ainda o razoável (e dispensável) documentário sobre vestibulandos Virando Bicho e uma versão para o cinema do desenho Peixonauta.
That’s all folks!