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Danilo Gentili fala de mensaleiros, cinema, stand up, Rafinha Bastos…

Danilo Gentili, ex-CQC, comanda seu talk show Agora É Tarde e faz sua estreia no cinema no papel de um paulista na comédia carioca Mato sem Cachorro. Bati um longo papo com ele e eis aqui um resumo da nossa conversa. Há muitos improvisos de sua parte em Mato Sem Cachorro? Com exceção de alguns […]

Por Miguel Barbieri Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 00h02 - Publicado em 3 out 2013, 20h43
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Danilo Gentili, ex-CQC, comanda seu talk show Agora É Tarde e faz sua estreia no cinema no papel de um paulista na comédia carioca Mato sem Cachorro. Bati um longo papo com ele e eis aqui um resumo da nossa conversa.

Há muitos improvisos de sua parte em Mato Sem Cachorro? Com exceção de alguns diálogos e piadas que criei na hora, o filme ficou exatamente como foi previsto. Coloquei “cacos”, é claro, como algo que eu falava achando que a câmera estava desligada, mas acabou entrando na montagem final. Tem uma cena num bar, que eu brinco com o nariz do atendente. Tive de fazer a cena umas quinze vezes e com uma piada nova a cada take. Só vi qual foi a piada escolhida quando assisti ao filme pronto.

Na coletiva de imprensa do filme, você roubou a cena. É sempre assim? Eu fui vestido de Robin Hood e as brincadeiras que eu faço fazem parte do showbiz. A intenção nunca é roubar a cena. Se eu sou o alívio cômico do filme, tenho de vender a imagem de que eu sou engraçado. Eu não sou ator e não fiz curso para isso. Meu DNA é o stand up, que explora mais o raciocínio e o ponto de vista. Por ser meu ganha-pão, preciso pensar rápido.

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Danilo Gentili em cena de Mato sem Cachorro, com Bruno Gagliasso

Qual o segredo de um bom stand up? Se a pessoa está no palco de um bar, só com a roupa do corpo, e consegue fazer as pessoas rirem, ela está apta para fazer um bom roteiro ou estar numa sitcom, por exemplo. Enquanto eu tiver sorte de estar acertando nas coisas que eu faço, vou sempre optar pelo caminho que eu quiser. Com liberdade, consigo ter mais personalidade. Autenticidade é a chave de fazer uma boa comédia. Ninguém ri de uma mentira.

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Você fez teste para o filme ou foi escolhido? O convite surgiu há quatro anos, antes de comédia nacional virar modinha no cinema. Na época, eu estava no CQC. Eles escreveram o roteiro pensando em mim e eu gostei do que li. O Pedro Amorim (diretor do filme) disse que me chamou porque o personagem era um f.d.p. (risos). Eu fui sondado para outros filmes antes e depois de Mato sem Cachorro, mas não aceitei nenhum.

Quais os motivos para recusar um trabalho? Quando não vejo graça no roteiro ou acho que o filme tem cara de caça-níquel. Ou, talvez, por achar que eu não faria um bom trabalho.

Qual a verdadeira razão de você aparecer várias vezes pelado no filme? Em primeira mão: isso estava planejado desde o início. Meu personagem é um paulista que chega ao Rio de Janeiro e, por causa do calor, tira a roupa quando chega em casa. E é um relaxado também.

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O Rafinha Bastos tem uma cena com você no filme. Como ficou a relação entre vocês após o episódio dele com a Wanessa Camargo? Naquela época, eu estava saindo do CQC e começando meu talk show Agora É Tarde. Como comediante e por ter uma filosofia de liberdade de expressão, achei um pouco exagerado o que fizeram com ele e até me posicionei publicamente. A gente trabalha com piada autoral. Imagine: se a Ivete Sangalo, a pessoa mais amada do Brasil, subir num palco e não conseguir fazer as pessoas rirem, vão pedir para ela descer. Quem faz stand up, não tem rabo preso com ninguém nem com emissora de TV. O compromisso é manter o riso da plateia.

Você já se arrependeu de algo que disse? É claro que sim. Mas, por mais que eu não tenha me arrependido, eu peço desculpas se a outra pessoa se sentiu ofendida. Eu posso ter criado mais de 500 piadas e devo ter errado em alguma. Um dos maiores benefícios da liberdade é você ter a liberdade de errar também. Também me arrependo quando conto uma piada e ninguém ri.

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O que te causa mau humor? Ver poucas pessoas trabalhando bem e muitas se aproveitando do trabalho delas. Outras coisas me irritam: maltratar animais, pagar Zona Azul e impostos, criação de novos cargos públicos, multa de trânsito que chega em casa…

Para você, o gigante acordou? Acordou mesmo? Pelo fruto, você conhece a árvore. O gigante acordou, mas os mensaleiros foram praticamente absolvidos até o próximo julgamento, aumentaram 24% do IPTU, subiram os impostos e as pessoas continuam com a saúde precária…

Sem querer ser pessimista, sempre digo que a saída do país é o aeroporto… Se você é mais velho do que eu e conhece mais do que eu, então acredito em você. Vou confiar na sua sabedoria realista.

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