Com filme iraniano, termino o domingo em alta na Mostra Internacional
Estranho este país chamado Irã. Embora tenha levado o Oscar de melhor filme estrangeiro este ano pelo magnífico A Separação, o país vai boicotar o Oscar 2013 por causa do famigerado vídeo que caiu na rede e causou protestos de muçulmanos radicais. Falo isso porque o melhor filme que vi até agora na Mostra Internacional, […]
Estranho este país chamado Irã. Embora tenha levado o Oscar de melhor filme estrangeiro este ano pelo magnífico A Separação, o país vai boicotar o Oscar 2013 por causa do famigerado vídeo que caiu na rede e causou protestos de muçulmanos radicais. Falo isso porque o melhor filme que vi até agora na Mostra Internacional, além do dinamarquês A Caça, é iraniano. Gostei de Um Ato de Caridade (já comentado no blog no post de sexta-feira) e hoje vi o ainda melhor O Último Passo (foto abaixo).
Trata-se de um vigoroso exercício de cinema, onde cenas se repetem, a narrativa vai e volta no tempo, há uso de metalinguagem. Um filme para sair da sessão e tentar juntar as peças. Um trio de jovens ao meu lado foi categórico. “Não entendi nada”, disse um deles. Fiquei ligadíssimo na história de uma atriz (Leila Hatami, a mulher que quer o divórcio em A Separação) que, vinte dias após a morte do marido, só consegue rir numa cena dramática. A partir daí, conta-se como o marido dela, um engenheiro diagnosticado com câncer, morreu de uma forma estúpida: caiu da escada externa de sua casa e bateu a cabeça.
Mas será isso mesmo? Sua mulher esconde algo, o estranho médico que é amigo do casal teria participação na morte? São muitas perguntas, algumas respostas e vários pontos de interrogação. O Último Passo ainda tem duas exibições na Mostra, infelizmente em cinemas fora do circuito: quinta (25), 17h30, na Matilha Cultural, e sábado (27), 19h30, no Cine Olido. Como é o segundo longa-metragem do ator Ali Mosaffa (que interpreta o marido), vamos torcer para que ele seja premiado e volte na repescagem.
Outra boa pedida de hoje foi o britânico O Cordeiro (foto acima), uma história tragicômica sobre uma jovem drogada e o pai de seu namorado. Entre o drama e o humor, o diretor irlandês estreante John McIlduff coloca a dupla na estrada para uma missão insólita: buscar um cordeiro e levá-lo até um destinatário. O motivo só se sabe durante a jornada, pontilhada de lances engraçados, mas também de uma cruel realidade. O único inconveniente foi a cópia digital de péssima qualidade, que mais parecia um dvd ampliado num telão. O Cordeiro ainda passa no domingo (28), 17h, no Frei Caneca, e quinta (1º), 16h, no Cine Sabesp.
O dia começou com o documentário Felicidade…Terra Prometida, que mostra o caminho de 1.500 quilômetros percorrido a pé em 82 dias pelo diretor Laurent Hasse. Ele saiu da fronteira entre Espanha e França para chegar até Dunquerque, no norte francês. Sua peregrinação tinha um motivo. Depois de um acidente, ficou em coma. Após a recuperação, decidiu ir buscar o sentido da vida entrevistando pessoas sobre o significado da felicidade. Há bons depoimentos, mas achei que o realizador não deixou transparecer seu esforço físico em sua façanha ímpar.