Caco Ciocler fala de Rosa de Hamburgo, documentário que filmou em Israel
Caco Ciocler está a todo vapor. Além de dirigir a peça No Exit – Entre Quatro Paredes e voltar à TV na próxima novela das 7, o ator vai estrear como diretor de um documentário. Trata-se de Rosa de Hamburgo, sobre a esposa do escritor Guimarães Rosa. Ciocler passou cinco dias em Israel gravando cenas […]
Caco Ciocler está a todo vapor. Além de dirigir a peça No Exit – Entre Quatro Paredes e voltar à TV na próxima novela das 7, o ator vai estrear como diretor de um documentário. Trata-se de Rosa de Hamburgo, sobre a esposa do escritor Guimarães Rosa. Ciocler passou cinco dias em Israel gravando cenas do filme e contou um pouco da experiência atrás da câmera.
Como surgiu a ideia e o projeto de um documentário sobre a vida da mulher de Guimarães Rosa? Eu tinha um projeto de ficção que queria dirigir. O autor do livro que eu queria filmar levou o projeto para a Cine Group, mas, por algum motivo, a parceria entre eles não aconteceu. Uma semana depois, a produtora me chamou para uma conversa e me ofereceu a direção do documentário. Portanto, nem a ideia e nem o projeto inicial foram meus. Ambos são da Alessandra Paiva, diretora de conteúdo da Cine Group, que passou três anos pesquisando a vida de dona Aracy de Carvalho Guimarães Rosa.
O que a vida de Aracy teve de interessante para virar tema de um documentário? Nem sei por onde começar. Ela salvou inúmeras vidas na Alemanha nazista, quando trabalhava como secretária no consulado brasileiro em Hamburgo. Teve a coragem de desobedecer o regime nazista e também as ordens diretas do governo brasileiro. Poderia falar sobre a paixão que viveu com Guimarães Rosa, sobre a influência que teve na vida e na obra dele. Foi uma mulher que fez questão de ser protagonista numa época onde à mulher cabia ser coadjuvante. Desafiou o regime ditatorial brasileiro dando abrigo e ajudando alguns de seus perseguidos. Anotou e guardou mais de oitenta anos de seu cotidiano monumental e morreu aos 102 anos esquecendo e sendo esquecida. Foi vítima de Alzheimer e de um país também sem memória.
Foram descobertos documentos, fotos ou imagens importantes durante a pesquisa? Alessandra Paiva conseguiu a autorização e o apoio da família, entrevistou amigos, estudiosos e familiares de pessoas salvas por Aracy. Teve acesso a fotos e documentos inéditos, mergulhou no acervo de dona Aracy guardado pelo IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) e criou, a partir dessa grande imersão, o roteiro do documentário.
Como se deu sua participação depois da pesquisa? Com a minha entrada no filme, ficou claro para todos que o roteiro teria que sofrer transformações. Fomos ao IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) e descobrimos novos documentos, novas perguntas, novas motivações… E o roteiro acabou sendo totalmente refeito. Eu assino a coautoria porque, obviamente, influenciei-o com motivações, ideias e soluções. Pelos mesmos motivos, a Alessandra Paiva assina a codireção. Num documentário, somos surpreendidos diariamente com novos e impensáveis rumos. Não existe a possibilidade de entendermos que filme, exatamente, teremos em mãos quando as gravações terminarem. Só saberemos na ilha de edição.
Como foram as filmagens em Israel? Tivemos o apoio do Departamento de Comunicação do Consulado de Israel para entrar no país. Foi muito emocionante revisitar Jerusalém depois de 25 anos e presenciar o tamanho da gratidão que Israel tem por Aracy. Visitamos o Museu do Holocausto, onde uma árvore foi plantada na Avenida dos Justos em sua homenagem.
Foram feitas entrevistas em outros lugares? Em Israel, gravamos apenas em Jerusalém. Filmamos também em Sydney, na Austrália, e Berlim, Hamburgo e Baden-Baden, na Alemanha. Agora, estamos gravando a parte brasileira.
Há diferença entre filmar em Israel (mesmo que como diretor) e no Brasil? Sim, em Israel e nos outros países eu tive de volta meu anonimato e isso foi fundamental para meu olhar. É preciso não ser observado quando se quer observar.
Quando volta à TV? Estou começando a gravar Além do Horizonte, próxima das sete. É a primeira novela do meu amigo, e já companheiro em alguns trabalhos, Marcos Bernstein (famoso roteirista de Terra Estrangeira, Central do Brasil, Chico Xavier), em parceria com Carlos Gregório.
Você atuou em 2 Coelhos e, agora, o diretor do filme, Afonso Poyart, está gravando nos Estados Unidos. Tem vontade de seguir também uma carreira internacional? Tenho desejo de experimentos. Pode ser no Brasil, na Argentina, na China. O que me interessa é o salto, não a geografia!
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