‘Foram cinco anos para fazer O Menino e o Mundo’, diz o diretor Alê Abreu, indicado ao Oscar
Entrevistei Alê Abreu, diretor de O Menino e o Mundo, exatamente dois anos atrás quando seu belíssimo desenho animado estreou na cidade. Hoje (14), foi uma surpresa ver a animação recebendo uma indicação ao Oscar. Só utilizando sons, música e desenhos, O Menino e o Mundo encanta do início ao fim, embora não tenha nenhum […]
Entrevistei Alê Abreu, diretor de O Menino e o Mundo, exatamente dois anos atrás quando seu belíssimo desenho animado estreou na cidade. Hoje (14), foi uma surpresa ver a animação recebendo uma indicação ao Oscar. Só utilizando sons, música e desenhos, O Menino e o Mundo encanta do início ao fim, embora não tenha nenhum diálogo. Na entrevista, Alê me explicou como foi o processo de criação e como as crianças têm reagido diante de um desenho atípico. O making of dá uma noção de como foi o trabalho do realizador.
Quantos anos você levou para fazer O Menino e o Mundo? No total, entre o desenvolvimento até o lançamento, foram cinco anos.
De onde veio a inspiração para a história? Durante as pesquisas para um anima-doc (documentário com animação) chamado Canto Latino, encontrei o desenho de um menino, que me chamou a atenção – mais pelo personagem do que pela forma rabiscada. O filme foi feito, praticamente, sem um roteiro escrito. Foi a partir de ideias, de pequenos trechos “costurados” diretamente na ilha de edição, onde somávamos músicas, sons etc.
Você contou com quantos profissionais? Nossa equipe de arte tinha cerca de vinte desenhistas, divididos nas diferentes etapas do processo de produção da animação.
Foi proposital não situar o tempo e o lugar da história e misturar elementos de várias culturas? Sim. Evitamos referências de um determinado lugar geográfico. Inventamos um lugar, o que nos permitiu total liberdade de criação e misturar flora, fauna, roupas, acessórios, as cidades, os carros, a casa do menino e até a língua falada no filme…
Tem alguns diretores de animação preferidos? René Laloux me encantou muito com O Planeta Selvagem, que assisti no Cineclube Elétrico, aos 17 anos. Foi aí que resolvi seguir na trilha da animação definitivamente. Depois, vi Os Mestres do Tempo, sua parceria com Moebius, que fez a concepção visual. Também admiro o mestre Hayao Miyazaki. Meus prediletos dele são Meu Amigo Totoro e A Viagem de Chihiro.
Em algum momento, pensou em fazer O Menino e o Mundo em 3D, seguindo uma tendência mundial?
Sim, chegamos a cogitar como poderia ficar interessante o resultado com a mistura de técnicas que usamos, mas nunca passamos disso. E, provavelmente, não teríamos condição financeira para bancar a produção.
Por ser um desenho totalmente sem diálogos, como acha que as crianças vão reagir?
Tenho acompanhado várias sessões. Algumas crianças estranham um pouco no início, o que é ótimo, mas depois embarcam na proposta e adoram. É muito importante que elas saiam da mesmice. Assistir a um filme feito apenas com sons e imagens pode ser um estímulo para elas. Só acho que, talvez, algumas crianças precisem da ajuda dos pais para entender a mensagem. Contratamos uma empresa de pesquisa especializada e exibimos o filme para crianças e adultos de diferentes idades, classes sociais etc. O resultado, para nossa surpresa, apontou que as crianças de 6 a 12 anos são os principais fãs. Mas as de 3 a 5 anos também adoram o colorido e as músicas do filme.
Confira abaixo o making of de O Menino e o Mundo
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=AihmxKCJQOA?feature=oembed&w=500&h=281%5D
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