Conheça a polêmica do presidente “ficha suja” do clube Paulistano
O advogado Renato Arruda recebeu o apelido de alguns sócios por causa da condenação em segunda instância em um processo de desvio de verba de cliente

Renato Vasconcellos de Arruda, 58, um dos mais renomados advogados de família do país, tem causado bochichos ao circular pelo Club Athletico Paulistano, nos Jardins. Eleito presidente do conselho deliberativo da instituição no último dia 5, deverá exercer o cargo por três anos a partir de março. Ele foi condenado, em 22 de outubro, em segunda instância em um processo movido pelos herdeiros de Maria Elisa Nobre Caldas Cortese. Três irmãos do clã, ligado ao ramo imobiliário, o acusam de ter desviado cerca de 1,5 milhão de reais deles há mais de cinco anos. Por causa da ação, Arruda recebeu denúncia na OAB. “Não posso falar sobre casos específicos, mas episódios assim, se comprovados, são uma fraude grave, que pode ser penalizada com suspensão da carteira por 120 dias”, diz Renata Soltanovitch, presidente do Tribunal de Ética e Disciplina do órgão. A seguir, Arruda fala sobre o caso.
Alguns sócios o apelidaram de “ficha suja”. Ouviu algo sobre isso?
Clube é como salão de manicure. Você fica sabendo de alguns comentários, mas nunca ouvi que me chamavam assim. Sabia que falavam sobre o processo. Até na fila da eleição abordaram um amigo dizendo: “Não vota no Renato”. Por que não tentaram então impugnar minha candidatura? Mas não o fizeram. Essa ação dos herdeiros é isolada e não tem a ver com o clube. Uma ou duas pessoas malvadas querem me destruir.
Trata-se de um processo grave.
É uma acusação grave, mas não verdadeira. Trabalhei com os três irmãos durante mais de quinze anos. Tínhamos uma relação de amizade. Fui contratado para cuidar de ações referentes à implementação de um loteamento e combinamos que eu ganharia 4% dos valores. No meio disso, começaram a surgir vários serviços extras. Combinamos verbalmente que eu usaria cerca de 1,5 milhão de reais gerado por essas ações para pagar os trabalhos a mais. Não assinamos documentos sobre o acordo, mas tenho testemunhas desse trato verbal. Quando fui cobrar os extras, disseram: “Se contenta com isso, se não vamos acabar com a sua vida”. Não acreditei, mas eles iniciaram o processo. Então, entrei com uma ação, cobrando meus serviços, os quais estimo valerem aproximadamente 4 milhões de reais.
O senhor perdeu em primeira instância, em segunda instância por unanimidade e recentemente teve um embargo de declaração indeferido. Acredita que será possível reverter a situação?
Devo anular a decisão da segunda instância porque não tive direito à sustentação oral, como pedi. Ou seja, não quiseram ouvir minhas testemunhas e cercearam meu direito de defesa. Tenho grandes chances de ganhar no STJ.