Rachel Sheherazade: “Nas ruas, só recebo beijos, abraços e pedidos de fotos”
Mais uma vez, a jornalista Rachel Sheherazade, âncora do SBT Brasil, causou polêmica ao comentar o caso do bandido que foi espancado e preso a um poste no Rio de Janeiro. Em seu comentário, ela sugeriu que os defensores dos direitos humanos deveriam “adotar um bandido” e considerou a agressão legítima . Assunto de hoje nas […]
Mais uma vez, a jornalista Rachel Sheherazade, âncora do SBT Brasil, causou polêmica ao comentar o caso do bandido que foi espancado e preso a um poste no Rio de Janeiro. Em seu comentário, ela sugeriu que os defensores dos direitos humanos deveriam “adotar um bandido” e considerou a agressão legítima . Assunto de hoje nas redes sociais, Rachel (que não dá mais entrevistas por telefone ou pessoalmente “porque já deturparam o que disse”) respondeu as perguntas por e-mail ao blog.
Quando você emite uma opinião, você tem noção da polêmica que pode criar?
Quando faço comentários, não penso em polêmica. Penso em não me deixar coagir pela patrulha do politicamente correto. Penso em ser sincera, verdadeira, fiel aos meus valores e à minha interpretação dos fatos
Há quem diga que seus comentários são feitos para você ganhar notoriedade. …
A palavra “polêmica” virou um coringa agora. Parece que isso dá Ibope, não? Mas, se parar para pensar, minhas opiniões não são necessariamente polêmicas. Elas refletem, geralmente, o sentimento e o pensamento da sociedade em que vivemos. Somos um povo conservador, majoritariamente religioso, somos contra o aborto, a liberação das drogas, o desarmamento de civis (o plebiscito mostrou isso). Abominamos a corrupção, a impunidade. Eu sou assim, penso assim. Não emito opiniões para “causar”. Não preciso disso. Fui contratada para dizer o que penso doa a quem doer.
O SBT já pediu para você maneirar?
Nunca intervieram em qualquer comentário meu.
Já foi ameaçada por algo que disse no SBT Brasil?
Na internet sim. O último, um professor da UFRJ, desejou que eu fosse estuprada, além de ter desrespeitado a minha religião Estou processando esse senhor por incitação ao crime e preconceito religioso.
O que as pessoas dizem quando encontram você em lugares públicos, como shoppings e supermercados?
As pessoas são muito gentis e carinhosas. Dizem o quanto gostam do meu espaço de opinião, mesmo quando discordam delas. Elas me veem como uma espécie de “porta-voz”. No fundo, é isso o que eu sou. Graças a Deus, fora da internet, onde os covardes se escondem atrás de pseudônimos e contas falsas, nunca fui hostilizada. Nas ruas, só recebo beijos, abraços e pedidos de fotos. O carinho sobra até para meus filhos e meu marido, pois estamos sempre juntos.
Como avalia as críticas que recebe por seus comentários?
De uma forma natural. Opiniões geram repercussão. Muitos apoiam, muitos discordam. Isso faz parte do debate. Não tenho a presunção de querer ser unanimidade. Qualquer um pode discordar desde que o faça com respeito.
Você recebe mais críticas ou mensagens de apoio?
Depende muito do tema. Quando critiquei a fundação Sarney, a chantagem social do Bolsa Família ou o financiamento do Porto Cubano com dinheiro dos brasileiros, o apoio foi quase uníssono. Já quando defendi a permanência do deputado Marco Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara fui até taxada de racista e homofóbica, tamanha a histeria e ignorância sobre o assunto. Mas reitero todos os meus argumentos em favor do parlamentar (muito embora discorde de algumas opiniões dele). Vivemos numa democracia, regida por leis, pelo voto. Exalto os valores democráticos. Sou uma defensora ferrenha da legalidade.
Já foi dito que seus colegas de emissora não se sentem confortáveis com o que você diz. Já teve algum problema ou sentiu alguma hostilidade nos corredores da emissora?
Assim que cheguei à redação do jornalismo, sim. Senti certa resistência de alguns colegas. Achei natural até certo ponto. Eles não me conheciam. Era uma novata, mulher, nordestina, uma pessoa de opinião, chegando numa grande emissora para assumir o principal telejornal do SBT. Hoje é tudo diferente. Temos uma redação renovada, outra direção de jornalismo. Sou muito bem tratada, graças a Deus. Quanto à opinião dos meus colegas sobre o que eu digo, isso não modifica o que eu penso.
É função do âncora de telejornal opinar?
Nós, comunicadores, somos, antes de tudo, formadores de opinião. Como formar opiniões se não defendemos a nossa? Acredito que as opiniões enriquecem a informação. Ninguém é obrigado a concordar com o comentarista, mas ele é uma peça chave no jornal e cada vez mais indispensável para traduzir e esmiuçar a notícia (que às vezes passa despercebida), e estimular debates na sociedade.