Novo curador do Prêmio Jabuti começou a carreira em gráfica na Raposo Tavares
Nascido em Pernambuco, Marcos Marcionilo veio a São Paulo quando tinha apenas 15 anos; ele acaba de assumir a curadoria da 63ª edição da premiação
Na 63ª edição, o Prêmio Jabuti terá o pernambucano Marcos Marcionilo como curador da disputa literária. Aos 57 anos, o filósofo e editor já fez parte da equipe de jurados nas edições anteriores e agora será o responsável por todas as etapas do prêmio.
“Preciso convidar as pessoas que farão parte do conselho, cuidar da escolha dos jurados e coordenar a seleção da personalidade literária… Tudo isso de forma virtual”, resume. O corpo de jurados, ele explica, é composto por sessenta pessoas, que não se comunicam durante o processo. “E nenhuma delas sabe quem são os jurados. Esse processo tem se tornado cada vez mais seguro para manter a liberdade de escolha de cada um deles.”
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Nascido em Pernambuco, Marcionilo veio a São Paulo ainda jovem, aos 15 anos, e descobriu o interesse pela língua portuguesa quando ainda estudava em uma congregação religiosa. “Quando cheguei ao seminário, fui trabalhar em uma gráfica na Raposo Tavares. Assim que os professores perceberam minha aptidão para trabalhar com texto, me passaram para os seminaristas que faziam revisão”, relembra. “Mais tarde, consegui emprego como editor e assim continuei a vida inteira.” Hoje ele é sócio e editor da Parábola Editorial, dedicada a livros de linguística.
Com o enxugamento da rede de livrarias no Brasil, Marcionilo melhorou a relação com os clientes e leitores ao se aproximar deles pelas redes sociais. “Lidamos com eles todos os dias e não temos crescido como gostaríamos, mas não caímos durante a crise e continuamos cooperando com a rede livreira”, conta. Essa rede, segundo ele, inclui obrigatoriamente a gigante Amazon. “Nunca chegamos a ter uma rede de livrarias que cobrisse o país inteiro, aí que entra o poder de fogo da Amazon, com seu trabalho de logística espetacular e um trabalho agressivo de descontos. Precisamos trabalhar com a Amazon, mas não podemos nos render a ela.”
Em quarentena na cidade, o curador tem dedicado tempo aos estudos e a prazeres como séries asiáticas. “Sinto falta dos esportes em grupo, um hábito que mantive dos tempos de seminarista, e saudade de andar pela Paulista e pelos Jardins, nos parques.” Marcos já chegou a praticar vôlei, nado e crossfit. “Mas o tempo sempre cobra seu preço, comecei a ter problemas nos pés e precisei parar.”
Com a premiação deste ano, Marcionilo destaca a expectativa para a escolha do livro do ano. “Essa tem sido uma surpresa grande nos últimos anos… Tivemos um de poesia, depois um livro de economia e por último poesia novamente. [Com esses títulos], o Jabuti dá à sociedade a capacidade de olhar para si mesma.”
Em breve será divulgado o calendário das inscrições e da premiação.