Nova Casa da Arquitetura recupera acervos raros em São Paulo
Espaço na Residência João Marino será usado para preservar e digitalizar arquivos importantes da arquitetura moderna brasileira

Uma residência “flutuante” na região de Cidade Jardim será transformada na sede da nova Casa da Arquitetura Moderna Paulista (Camp). Suspensa por vigas de concreto, a Residência João Marino foi projetada por Sylvio Sawaya em 1969 e agora será usada para acolher e preservar arquivos da arquitetura moderna brasileira — todos disponíveis gratuitamente em uma plataforma on-line.
São poucas as faculdades que recebem essas coleções hoje, segundo Rafael D’Andrea, 34, CEO da Camp e fotógrafo de arquitetura. “E muitas delas estão se perdendo. Já salvei o acervo de um grande arquiteto que estava jogado no chão da casa dele, fechada há quinze anos”, conta sem revelar o nome.
Várias doações e empréstimos já estão chegando ao local, como os materiais de toda a trajetória de Francisco Segnini Jr. e um croqui inédito de Paulo Mendes da Rocha (1928- 2021).
Para manter as operações com uma equipe de restauro e digitalização, eles planejam promover workshops, eventos e uma Semana da Arquitetura Moderna. A partir de março, o local ficará aberto para visitação por agendamento.

Tombada pelo patrimônio histórico, a propriedade foi por muitos anos o lar da família de Débora Lima, 50. “As crianças pulavam na piscina pela porta da sala e às vezes os pais iam junto”, relembra o economista Fernando Hormain, 54, ex-marido de Débora e grande apoiador da iniciativa.
Repletos de cores, os móveis de design e as obras de arte garimpados pelos dois ao longo dos anos ainda decoram a casa, uma joia brutalista restaurada pela antiga moradora, que também comanda o novo projeto com Rafael.
“O Brasil teve uma explosão de descobertas recentes do movimento moderno e existe muito material maravilhoso (desse período). Parece que estamos começando no momento certo”, completa ela.

Publicado em VEJA São Paulo de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929