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Namorado de prefeito do interior é classificado para Mister Brasil

Max Souza, primeiro-cavalheiro da cidade de Lins, fala sobre o relacionamento com o político e a luta contra preconceitos

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 6 set 2019, 10h31 - Publicado em 6 set 2019, 10h31
Max Souza (Divulgação/Veja SP)
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No último sábado (30), o modelo e estudante de educação física Max Souza, de 27 anos, passou na etapa classificatória para o concurso de Mister Brasil, que ocorreu no Clube Social de Limeira, no interior. Ele representará o estado de São Paulo no prêmio. Na platéia, aplaudia de pé Edgar Souza, 40, prefeito de Lins (e primeiro assumidamente homossexual), cidade a 420 quilômetros da capital.

Os dois se conheceram há cerca de dois anos, em um baile gay em Morro de São Paulo, na Bahia, engataram um namoro e, no início deste ano, o modelo que morava no bairro da Consolação mudou-se para o reduto eleitoral do namorado. O primeiro-cavalheiro de Lins arrebatou a faixa principalmente por causa da popularidade: levou milhares de votos do público, movido especialmente por uma campanha em sua nova cidade.

Graças aos linenses, Max estará no palco do Mister Brasil, em 16 de dezembro, concurso que ocorrerá em um clube aqui na capital ainda a ser definido. “Por ser negro e homossexual, passei por muitas situações de preconceito, mas a maioria do povo de Lins me abraçou”, comemora.

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Max e o namorado, Edgar Souza, prefeito de Lins (Acervo Pessoal/Veja SP)

A seguir, ele fala sobre o relacionamento com o político, a competição e a luta por uma sociedade com mais empatia:

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Quando você decidiu participar do concurso, seu namorado ponderou algo por ser político e temer reações preconceituosas da sociedade?

De forma alguma! Ele esteve lá e me aplaudiu. Edgar é o meu maior incentivador. Ele sempre assumiu a opção sexual dele, foi casado durante catorze anos e está em seu segundo mandato na prefeitura de Lins. Na campanha, houve quem tentasse considerar sua homossexualidade como algo negativo. Mas ele bateu no peito. Nunca ficou no armário, jamais escondeu sua vida. Nem deveria. Os elementos que fazem um bom político são honestidade, comprometimento.

E você? Como as pessoas reagiram quando assumiu o relacionamento com o prefeito de Lins?

Eu sempre o acompanho em eventos oficiais. No início, a gente percebia olhares tortos, mas passou. Também teve gente que falou que eu aproveitava da popularidade dele para me promover. Antes, eu ficava nervoso e bloqueava comentários nas redes sociais. Agora, converso e normalmente dá certo, já fiz até amigos. Nasci no interior da Bahia, em família humilde, minha mãe criou sozinha sete filhos e aprendi a não baixar a cabeça ao ouvir “viadinho”. Vim para São Paulo, capital, há sete anos, morei na Consolação para trabalhar no serviço de atendimento ao consumidor do Walmart e, por circular em bairros nobres, nunca fui agredido. Mas sei que essa não é a realidade das periferias. Vivemos em uma sociedade racista e homofóbica, infelizmente.

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Quando foi a última vez em que enfrentaram preconceito?

Há alguns meses, em São Paulo, o Edgar chamou um motorista de aplicativo. O carro chegou, Edgar abriu a porta para mim e quando eu ia entrando, o cara disparou. Mas isso é raro. As pessoas não têm coragem de falar “olho no olho” e o pior mesmo acontece nas redes sociais. Mas acredito que a melhor arma contra o preconceito é a informação e uma boa conversa. Não vale a pena sair no tapa.

Como você imagina que estará esse cenário e a vida de vocês daqui a alguns anos?

Sou otimista e espero que melhore. Sonho ganhar o concurso de Mister Brasil, ser o primeiro negro a ter essa faixa. Também quero montar uma ONG para trabalhar com as minorias. O Edgar não faz planos, está empenhado em cumprir uma boa gestão. Mas, de repente, pode se candidatar a deputado, senador ou mesmo presidente. Numa sociedade como a nossa, seria muito bom ter um homossexual na presidência. Eu seria o primeiro-cavalheiro. Já pensou?

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