Padre troca de lugar banco de madeira que atraía pedintes na praça da igreja dos Jardins
Entre a vizinhança da Nossa Senhora do Brasil, circulou a história de que eles incomodavam parte dos fiéis; pároco diz que mobília tirava foco de cruz
No Jardim América, um banco de madeira assinado por Hugo França abalou a fé da elite paulistana na região da Praça Adolpho Bloch. Entre moradores e frequentadores da Igreja Nossa Senhora do Brasil circulou a história de que a peça foi transferida para outra área do gramado por atrair pedintes, que usavam o banco e incomodavam parte dos fiéis. A mudança foi feita a pedido do padre Michelino Roberto — segundo ele, o local original conta com “bonita cruz” e a nova mobília tiraria o foco sobre ela. “E não são moradores de rua, mas crianças que vendem balas no semáforo (e que usam o banco)”, explica. “É exploração infantil. Já denunciamos, mas isso é fruto da pobreza. Os moradores de rua aumentaram na pandemia, mas estão na Sé, que hoje parece um campo de refugiados.”
Em nota, a prefeitura disse que só soube do caso após o contato da Vejinha e encaminhou um pedido ao Conselho Tutelar. O perímetro da praça é monitorado pelo SEAS Pinheiros e, desde o mês de julho, três famílias foram abordadas na região e orientadas sobre os riscos e consequências do trabalho infantil.
Publicado em VEJA São Paulo de 9 de dezembro de 2020, edição nº 2716.