Mauricio de Sousa, sobre roubo da Mônica “Me ligavam parabenizando pelo ‘golpe’”
Parecia até enredo das travessuras que o Cebolinha vive aprontando com a Mônica. Em novembro, logo após o início da Mônica Parade, quando cinquenta estátuas da personagem foram espalhadas por 35 bairros de São Paulo, um dos bonecos foi roubado na Rua Oscar Freire. Uma semana depois, o Sansão de outra peça também foi levado […]
Parecia até enredo das travessuras que o Cebolinha vive aprontando com a Mônica. Em novembro, logo após o início da Mônica Parade, quando cinquenta estátuas da personagem foram espalhadas por 35 bairros de São Paulo, um dos bonecos foi roubado na Rua Oscar Freire. Uma semana depois, o Sansão de outra peça também foi levado na Rua Bela Cintra. Passado o susto de dois furtos consecutivos, o cartunista Mauricio de Sousa, que vinha evitando falar sobre o assunto, conversou com a VEJA SÃO PAULO sobre o episódio:
Qual foi sua reação quando soube do roubo da Mônica?
Costumo ser calmo em situações adversas, mas meu primeiro pensamento foi de que se tratava de um crime sério. Mas depois percebi: não era coisa de ladrão. Parecia mais uma brincadeira de mau gosto, provavelmente, de jovens arruaceiros, que saíram de alguma balada, e pensaram que “sequestrar” a Mônica seria engraçado. As pessoas queriam fazer uma investigação criminal, mas era só atitude de um bando de fuzarqueiros.
O que o senhor sentiu diante da comoção em torno do crime?
Fiquei surpreso com o carinho que recebi da população. As pessoas se referiam a ela quase como se fosse uma figura viva. Na realidade, todo mundo se sente um pouquinho “dono” da Mônica, então o público também se sentiu atingido pelo roubo.
O senhor se incomodou com as piadinhas em relação ao crime? Chegaram a dizer até que tinha sido “arte” do Cebolinha.
De jeito nenhum. Faz parte desta relação do público com os personagens. O que me irritou foi que algumas pessoas me ligaram para parabenizar pelo “golpe de marketing”. Acredita? Nem respondia a este tipo de pergunta.
Como o senhor recebeu a notícia de que ela havia sido “resgatada”?
Eu sabia que ela ia ser encontrada. Abandonaram a Mônica deitadinha em uma cama de capim. Ela estava intacta, sem nenhum arranhão. Só fiquei chateado porque era justamente a peça que tinha meu rosto desenhado. Mas, para mim, pior foram as estátuas que sofreram atos de vandalismo.
*Colaboração: Julia Gouveia