Coveiro filósofo do Cemitério da Penha defende prioridade na vacina
“Todo o tempo tivemos de improvisar", conta Osmair, que será o protagonista de documentário produzido por Camila Appel, Pedro Bial e Ricardo Calil
”Cada vez que vê um semelhante morto, você se lembra que também vai morrer”, resume Osmair Camargo Cândido, 60, sepultador no Cemitério da Penha. Formado em filosofia, ele é conhecido como o “coveiro filósofo” e sonha em se tornar o “palestrante da morte”, com apresentações sobre suas experiências. Também está escrevendo um livro e vai estrelar um documentário produzido por Camila Appel, Pedro Bial e Ricardo Calil, em fase de filmagens. Após trabalhar durante toda a pandemia com uma média diária de oitenta sepultamentos, Cândido acha que coveiros deveriam entrar com prioridade na fila da vacina. “Todo o tempo tivemos de improvisar, nos precaver como pudéssemos. Onde trabalhei não tem faltado materiais de proteção, mas sofremos muito com calor, por exemplo”, lamenta. “Outros países reconheceram a nossa função, mas no Brasil é um setor particular e faltam protocolos de trabalho, além dos desafios emocionais e financeiros.”
Publicado em VEJA São Paulo de 17 de fevereiro de 2021, edição nº 2725.
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