“Como viver em São Paulo sem dinheiro?”
Respondemos à pergunta de leitores com 8 dicas para passear sem ir à falência

Como viver em São Paulo sem dinheiro? Se eu ganhasse um real para cada vez que me perguntam isso, já teria uma boa poupança, que ainda não seria suficiente para bancar a vida nessa cidade.
Ainda me lembro de quando saía de casa com 50 reais e voltava com troco, mas em algum momento normalizaram os drinques que custam quase três dígitos e os shows que são quase um salário mínimo.
E sobreviver em São Paulo sem dinheiro exige uma mistura de criatividade e desemprego, já que alguns museus só abrem de graça no meio da semana, em horários ideais para quem está livre numa terça-feira à tarde.
Mas ninguém vai te cobrar para sentar no vão do Masp e observar a vista da Nove de Julho ou andar pelo Parque Villa-Lobos e fazer uma aula gratuita de yoga no sábado, às 8h30. Se quiser subir na roda-gigante, aí são outros quinhentos — ou, para ser mais preciso, 79 reais (o valor da entrada unitária).
As dicas a seguir são um lembrete de que é possível passear gastando pouco. Entre uma parada e outra, ainda dá para se abastecer com a ajuda da seção Bom e Barato de COMER & BEBER.
Fique em casa
A primeira dica ainda é a mais econômica de todas. Ficar em casa é o novo luxo, aderido por muitos após a quarentena na pandemia. Leia um livro e passe um café (ou beba só água… O quilo do grão moído está custando uns 40 reais).
Outra ideia é conectar o YouTube na TV com vídeos deslumbrantes de Paris ou Tóquio, para fingir que está em qualquer lugar do mundo — até mesmo em São Paulo, caso essa seja sua praia.
Se não tiver a senha da Netflix de algum amigo, ainda existem streamings gratuitos como Maricá Filmes, Spcine Play (com clássicos nacionais), e Cine Humberto Mauro+ (com uma seleção de ficção, terror e longas nacionais).
Ande de ônibus

Com a tarifa zero aos domingos, a cidade inteira está ao seu alcance de graça. No bairro da Liberdade, a feira reúne tendas de souvenirs e barraquinhas de comida japonesa das 9h às 18h. Descendo na Avenida Paulista, dá para curtir o movimento e os artistas de rua, passar no Itaú Cultural e na Japan House (ambos gratuitos) e ver a cidade lá do alto no mirante do Sesc — o que nos leva à próxima sugestão…
Visite os Sescs da cidade

Além das áreas comuns para dar um descanso, shows, espetáculos e oficinas acontecem durante o mês inteiro nas 20 unidades abertas na capital. E a legião de frequentadores assíduos sempre elogia o menu dos restaurantes, com comidinhas a preço justo. Já ouvi dizer que Sesc é o Brasil que deu certo.
Faça uma oração
Com ou sem reza, a imponente arquitetura do Mosteiro de São Bento já faz valer a visita. Em um domingo por mês, os monges promovem um brunch no valor de 418 reais por pessoa (caro demais para esse roteiro), mas as missas são de graça. As sessões com canto gregoriano ocorrem de segunda a sexta às 7h, aos sábados às 5h50 (para quem conseguir acordar) e aos domingos às 10h.
Tente resistir à 25 de Março

“Ali é um passeio pra ir com a mão no bolso, então a dica é levar o dinheiro contado”, aconselha a economista e planejadora financeira Paula Sauer. “Se levar o cartão, sai com um monte de cacareco que não precisava porque é fofinho, colorido ou engraçado.”
Maior centro de comércio popular no Brasil e na América Latina, a 25 de Março é um verdadeiro transe coletivo e até entrou na mira do presidente Donald Trump pela venda de produtos falsificados. Espere encontrar muitas variações de Lafufus, a versão pirata do monstrinho tendência Labubu, além de bugigangas como tiaras de orelhinha com LED, pantufas de unicórnio e carregadores que param de funcionar em três dias.
Desbrave os museus

Quinze reais pagam a entrada do Museu Afro, no Ibirapuera. “E já dá para aproveitar o parque”, sugere Giulia Trecco, editora-chefe da página São Paulo Secreto. Vários outros têm entrada franca, como Japan House e CCBB, e todos têm dias gratuitos, como Masp (terça o dia todo e sexta à noite), Museu da Imigração (aos sábados) e Pinacoteca (aos sábados e no segundo domingo de cada mês).
Descanse em um parque

Abraçar uma árvore? Não tem preço (pelo menos por enquanto). Se a verba permitir, leve itens de piquenique para passar a tarde na grama de parques como Ibirapuera, Villa-Lobos, da Aclimação ou do Carmo.
Vá embora (por algumas horas)
Escapar aos fins de semana é a escolha de todo paulistano saturado da vida urbana. “Com 50 reais, incluindo transporte, já fomos até a basílica em Caieiras, que muitos acreditam ser um castelo”, conta Giulia. Com 60 metros de altura, o templo católico fica na Serra da Cantareira, onde também está o Parque Estadual da Cantareira, com trilhas como a do Núcleo Pedra Grande, que rende uma vista panorâmica da cidade.
E sem sair da cidade, uma balsa gratuita te leva até a Ilha Bororé, península no extremo sul da capital, cercada pela represa Billings. O trajeto já é um passeio por si só e, ao chegar, a paisagem mistura natureza preservada, arte urbana e pequenas iniciativas culturais que resistem ao ritmo acelerado da metrópole.
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