Casal circense pega a estrada em motor home com dois filhos pequenos
Após se casar com o primo e largar a carreira de professora, Fran Marinho percorre a América Latina com toda a família em espetáculos de rua
Uma palhaça, um malabarista e duas crianças na estrada rumo ao México. Esse é o plano de Douglas e Fran Marinho, criadores da Cia. do Asfalto, que mantém o formato itinerante de picadeiro com números circenses “transportados” em um pequeno motor home.
“Nossa última turnê começou em novembro e fizemos uma pausa no Brasil para rever os amigos”, conta Fran. Com dois meninos, um de 12 e outro de 3 anos, a família retoma a aventura em agosto, partindo da Bolívia com dezenas de paradas para as apresentações de rua.
“Hoje o mais velho cuida da técnica de som dos espetáculos e o mais novo só participa de uma das cenas. Sempre algo bem curto, para respeitar o limite deles.”
O casal se apresenta desde 2007 com acrobacias aéreas, equilibrismo, contorcionismo e malabarismo. “Eu e Douglas somos primos e me encantei pelo circo logo depois que revelamos nosso namoro. O choque para a família foi grande, um estranhamento que durou anos”, relembra. “Eu ainda era professora e larguei a sala de aula!”
Além dos shows de rua feitos em frente ao motor home, eles também têm o hábito de ocupar espaços fechados nas cidades por onde passam. “E abrimos nosso próprio espaço cultural na periferia de Santo André, região onde moramos há dez anos”, diz Fran.
“Nossa família se acalmou quando percebeu que viver de circo não era um bicho de sete cabeças. Conseguimos conquistar independência financeira, mas para continuar com essas viagens usamos parte das nossas reservas.”
Com a compra da “casa motorizada” em 2020, os dois passaram a percorrer boa parte do território nacional antes de começar a desbravar outros países. Na nova fase, querem visitar o Equador e a Colômbia antes de seguir direto para o México em novembro, nas celebrações do Dia dos Mortos, um dos feriados mais populares na cultura mexicana.
“E na volta vamos conhecer a Venezuela e alguns lugares da América Central”, planeja. “Continuamos com essa ideia porque a natureza será muito diferente daqui a vinte anos, com as mudanças climáticas. Queremos mostrar o mundo de hoje para nossos filhos.”
Publicado em VEJA São Paulo de 2 de agosto de 2023, edição nº 2852