Botânico aponta ‘ditadura do paisagismo’ em jardins paulistanos
Novo livro de Ricardo Cardim explora preferência brasileira por plantas importadas no lugar de espécies nativas em condomínios e parques públicos e privados
Para um dos países com a maior biodiversidade nativa do planeta, as espécies de plantas usadas nos principais jardins e parques brasileiros continuam desconectadas do meio ambiente brasileiro. Essa é uma das afirmações feitas pelo botânico Ricardo Cardim no novo livro Paisagismo sustentável para o Brasil: integrando natureza e humanidade no século XXI (Editora Olhares; R$ 199,00).
“Vivemos essa ditadura no paisagismo hoje em dia: um copia o outro nos condomínios, por exemplo, lugares que quarenta anos atrás tinham uma biodiversidade imensa”, diz. “Hoje estão na moda as espécies tidas como ‘sofisticadas’, como as tamareiras de 50 000 reais e as oliveiras que custam dezenas de milhares de reais.”
De parques públicos a espaços privados, Cardim aponta o “complexo de vira-lata” do brasileiro até nesse quesito. “Em qualquer rua de São Paulo, os jardins são esmagadoramente exóticos e estrangeiros. Não tem nada a ver com patriotismo, mas ciência e direito à vida: ao trocar essa diversidade enorme por meia dúzia de plantas famosas em Dubai, estamos causando um genocídio ambiental”, opina. “Temos dezenas de espécies de palmeiras, mas as da moda são todas estrangeiras. Até a orquídea à venda nos supermercados é uma versão importada.”
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