Autor de Pecado Mortal diz que sua novela mostra atores nus sem necessidade
Criador de sucessos globais como Quatro por Quatro, o paulistano Carlos Lombardi estreou há um mês na Record com Pecado Mortal, exibida às 22h30. Ele chegou com a missão de elevar os índices da dramaturgia do canal para dois dígitos. Até agora, apesar de elogiado nas redes sociais, o folhetim registrou média de 7 […]
Criador de sucessos globais como Quatro por Quatro, o paulistano Carlos Lombardi estreou há um mês na Record com Pecado Mortal, exibida às 22h30. Ele chegou com a missão de elevar os índices da dramaturgia do canal para dois dígitos. Até agora, apesar de elogiado nas redes sociais, o folhetim registrou média de 7 pontos. “A Globo esticou a novela Amor à Vida, o que atrapalha nosso ibope”, justifica. Apelidado de “autor dos descamisados”, devido aos vários galãs em cena com muito peitoral e pouca roupa, ele incorporou a brincadeira. “Falavam tanto nisso que transformamos a crítica em piada”, explica. “Até eu me surpreendo assistindo, porque às vezes os atores estão despidos sem necessidade.” Abaixo, mais detalhes da entrevista:
Embora você seja paulistano, a maioria de suas novelas são ambientadas no Rio. Por quê?
Até Perigosas Peruas, tudo se passava aqui. Quatro Por Quatro (1994) também teria como cenário São Paulo, mas como foi uma novela que entrou na linha de produção de última hora porque a trama que estava prevista para o horário caiu, tive que transferir a trama para o Rio. Com essa novela, vi a maravilha que era gravar no Rio por conta do céu azul, praia e outras belezas naturais. Babalu, por exemplo, moraria na Penha. Até o elenco mudou por conta da mudança de cenário. Saiu Eliane Giardini, Bruna Lombardi, Malu Mader, Adriana Esteves e Gerson Brenner e entraram Elizabeth Savalla, Betty Lago, Cristiana Oliveira, Letícia Spiller e Marcelo Novaes.
Saiu com alguma mágoa da Globo?
Não. Sai porque não tinha perspectivas para trabalhar lá. A sinopse de João do Cubo (trama sobre um cara que viaja no tempo) estava aprovada, mas nunca começavam a produzir. Havia dois anos que não trabalhava e estava inquieto. Veio o convite da Record e aceitei. Fazia tempo que queria escrever um melodrama e, na Globo, só fazia comédia.
Pecado Mortal ainda não atingiu dois dígitos no ibope. Isso preocupa você?
Não. Se me preocupasse com audiência, não teria saído da Globo. Tenho uma preocupação com o que escrevo e sei que estamos fazendo um bom trabalho e que vamos subir o ibope. Vejo Pecado Mortal no ar e não tenho vergonha de ver como já tive vergonha de assistir outras novelas minhas.
Quais?
Prefiro não falar.
Pecado Mortal é elogiada. Por que a novela ainda não pegou?
As novelas que foram exibidas antes da minha era muito inocentes. Estamos trazendo um novo público para a emissora. Fora isso, desde nossa estreia a Globo esticou Amor à Vida, o que atrapalha nosso ibope e prejudica o produtos deles, que perdeu muito a qualidade desde então. Tem dias que entramos quase onze da noite. É complicado… Saramandaia, da Globo, também não deu o ibope que merecia porque era exibida muito tarde.
Ter uma novela na faixa das dez da noite dá mais liberdade na hora de escrever?
Não influencia muito. A verdade é que essa classificação indicativa é uma coisa muito burra. O PT trouxe de volta a censura, essa coisa antiga de preservar a família. Até onde sei, palavras não matam ninguém. Em vez de perder tempo com classificação indicativa, o governo deveria construir hospital, investir em segurança. Vigiar novela não melhora a saúde ou a segurança do brasileiro.
Muita gente classifica suas novelas como eróticas…
Imagina! Acontece que nas outras tramas os personagens sofrem com o sexo. Meus personagens transam sem culpa. Eles são saudáveis.
Como surgiram os descamisados em seus folhetins?
Não lembro bem se começou comigo ou com algum diretor. O fato é que falavam tanto isso que transformei a crítica em piada. Até eu me surpreendo assistindo, porque às vezes os atores estão despidos sem necessidade.