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Por Arnaldo Cheixas
Terapeuta analítico-comportamental e mestre em Neurociências e Comportamento pela USP, Cheixas propõe usar a psicologia na abordagem de temas relevantes sobre a vida na metrópole.
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Quatro motivos para a disseminação das fake news

Graviola não cura câncer. Por que as pessoas compartilham conteúdos falsos

Por Carolina Giovanelli
Atualizado em 2 Maio 2018, 17h15 - Publicado em 2 Maio 2018, 17h11

Antes da popularização da internet não era fácil espalhar boatos em massa. Isso porque praticamente a única forma de divulgar informação em larga escala era por meio dos grandes veículos de imprensa (televisão, rádio e mídia impressa), que tinham absoluto controle sobre o conteúdo divulgado.

Com o advento da internet esse cenário mudou drasticamente. Hoje é possível para uma pessoa com um dispositivo eletrônico fazer, em poucos minutos seu conteúdo alcançar milhões de pessoas. Basta uma conexão com a internet.

O impacto positivo mais marcante dessa mudança foi, sem dúvida, a democratização da informação, o que ajuda a evitar a monopolização dela pelos meios de comunicação. Mas também existem efeitos colaterais negativos, como a depressão entre adolescentes em função do tempo excessivo diante da tela.

Agora, assim como o principal efeito positivo do advento da internet tenha sido a democratização da informação, o principal efeito negativo foi a pulverização de informações falsas que, por assim serem, produzem percepções equivocadas sobre a realidade.

As pessoas divulgam informações falsas às vezes sem terem consciência de que o estão fazendo mas muitas vezes agem com intenção. Tanto num caso quanto no outro os resultados podem ser desastrosos.

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Nesta semana mesmo circulou nas redes sociais e no WhatsApp um áudio acompanhado de um texto atribuído a um oncologista de Londrina no qual ele defenderia a graviola como potente recurso no combate ao câncer. A voz seria do próprio especialista. Acontece que o referido profissional já publicou uma nota esclarecendo que não se trata da voz dele no áudio. E também deixou claro que a literatura científica não possui nenhuma referência ao uso da fruta no tratamento e na prevenção da doença.

O boato sobre a graviola já foi desmentido pelo médico citado e explicado pela equipe do site boatos.org. Mas por que será que as pessoas repassam tantas informações falsas mesmo quando não têm a intenção de prejudicar ninguém? A primeira e principal razão é porque acreditam naquela informação. É um fenômeno curioso. Se você pergunta a alguém sobre a veracidade de uma mensagem repassada por ela a você, verá que, na maioria das vezes, ela considera aquela informação verdadeira mesmo sem ter checado previamente sua veracidade. Isso acontece porque as pessoas tendem a acreditar mais facilmente em informações que confirmem seu modo de pensar.

Querer acreditar num determinado conteúdo faz com que as pessoas busquem elementos que justifiquem sua aceitação. Isso nos leva à segunda razão porque as pessoas repassam informações falsas. Sem perceber, elas usam o prestígio de sua fonte direta para atribuir confiabilidade ao conteúdo: “É verdade sim… foi meu tio quem mandou e ele é da Polícia!” (ou professor, ou trabalhando Governo etc). O problema é que provavelmente seu tio da Polícia também recebeu o conteúdo sem checar sua veracidade e pela mesma razão…quem mandou foi seu amigo delegado ou juiz.

A terceira razão para tanto repasse de notícias falsas é um verdadeiro desejo de ajudar alguém: “Nossa…vou mandar isso aqui pra Fulano porque ele tem essa doença e pode se interessar.” Se existe uma informação útil que possa ajudar alguém a enfrentar um problema, é claro que ela deve ser divulgada para alcançar o maior número possível de pessoas. Mas imagine o estrago que essa corrente pode causar caso a informação seja falsa. Imagine o que pode acontecer quando se trata de acusações falsas contra alguém (vide casos como o da Escola Base ou de Jesus de Nazaré). O ponto é: nosso desejo de ajudar alguém ou de fazer justiça, se explorado sem critério e tranquilidade, prejudicará nosso julgamento em favor daquilo em que queremos acreditar e que, se não verificado, pode se mostrar falso e acabar por produzir o efeito contrário e prejudicar a outras pessoas.

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Finalmente, pode-se compartilhar noticias e informações falsas por falta de verificação, o que ocorre em função das razões anteriores. É essencial checar as fontes de uma informação. Isso significa procurar por aquela informação em sites respeitados. Acreditem, mesmo que a notícia tenha sido publicada num grande veículo de jornalismo, não significa que ela seja verdadeira. Claro que quase sempre é nesses casos, mas mesmo grandes jornais e televisões divulgam notícias falsas. Ainda que sem intenção, seus jornalistas podem cair nos mesmos tipos de engano. Uma dica é procurar pela mesma informação em diferentes sites respeitados. Se diferentes fontes estão noticiando a mesma coisa, a chance de veracidade é maior.

Desconfie de tudo o que você recebe via WhatsApp, principalmente se a informação for muito impactante ou com recomendações específicas para se livrar de algum evento traumático que esteja por afetar a sociedade. Celulares que explodem, crianças sequestradas por um casal numa Ecosport, dicas para curar o câncer… Se uma notícia deste tipo for verdadeira, acredite ,a maioria dos grandes veículos de comunicação irá divulgá-la.

Evite repassar informações sem checar sua veracidade. Se não tiver tempo de checar, tampouco gaste seu tempo compartilhando. Avalie se você tem esse hábito e repense sua conduta. A capacidade de inibir o compartilhamento de notícias falsas é um ótimo exercício de autocontrole e do desenvolvimento e do aprimoramento da capacidade de julgamento. Desconfie sempre e verifique antes de repassar qualquer conteúdo. Fará bem aos outros mas principalmente a você.

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