Brochadas, impotência sexual e disfunção erétil
A incapacidade persistente de obter e manter uma ereção suficiente para uma função sexual satisfatória é o que caracteriza a patologia chamada de disfunção erétil. Note-se que essa incapacidade precisa ser persistente para satisfazer os critérios diagnósticos, ou seja, a incapacidade para obter e manter a ereção precisa ser invariável ao longo do tempo e […]
A incapacidade persistente de obter e manter uma ereção suficiente para uma função sexual satisfatória é o que caracteriza a patologia chamada de disfunção erétil. Note-se que essa incapacidade precisa ser persistente para satisfazer os critérios diagnósticos, ou seja, a incapacidade para obter e manter a ereção precisa ser invariável ao longo do tempo e deve ser independente de fatores contextuais, não importando a(o) parceira(o), o horário do dia, o local etc.
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A prevalência da disfunção erétil no Brasil é de 45% (sendo 1,7% disfunção erétil completa). Setenta por cento dos casos são devidos a causas emocionais e 30% a causas orgânicas (vascular, hormonal ou anatômica). Os fatores de risco mais conhecidos são: estresse, hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade, doenças da próstata, ansiedade, depressão e a idade.
Quando a causa é orgânica, o tratamento médico é essencial. A intervenção pode ser medicamentosa e/ou cirúrgica, a depender da causa específica. Mesmo nesses casos, a disfunção erétil muitas vezes promove um impacto emocional negativo que acaba agravando a situação e exigindo um tratamento psicológico combinado com o tratamento médico.
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O termo impotência sexual é uma maneira informal de se referir à disfunção erétil mas também pode ser usado para abordar um problema mais amplo que envolve, além das dificuldades relacionadas à ereção em si, também problemas com o desejo, com a ejaculação (atrasada ou adiantada) ou com a percepção de prazer durante as relações sexuais. A disfunção erétil não necessariamente faz parte de uma situação de impotência sexual.
Já o termo brochada se refere basicamente à incapacidade momentânea ou contextual de obter ou manter a ereção. A brochada é essencialmente psicológica. Como culturalmente há uma cobrança muito grande relacionando a ereção com o grau de masculinidade e como nossa sociedade tem um forte viés machista, a brochada gera enorme ansiedade nos homens.
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Todos os homens dizem mais de uma vez ao longo da vida: “Isso nunca me aconteceu antes”. A ansiedade relacionada ao desempenho sexual pode gerar um quadro de impotência relacionada ao contexto. Por exemplo, há homens que não conseguem ereção com a esposa mas conseguem sozinhos (usando a imaginação), com outras mulheres ou mesmo com vídeos de pornografia. Esses casos, embora não configurem um quadro de disfunção erétil, acabam precisando de acompanhamento psicoterapêutico por conta das brochadas em si.
Um dos motivos porque as brochadas acabam se tornando recorrentes em determinado contexto (com determinada[o] parceira[o], em colchões de mola, na presença daquele perfume, na ausência de banho etc) é justamente porque a resposta sexual envolve múltiplos fatores que devem estar ok para que a ereção ocorra de maneira satisfatória.
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Mas gabaritar essa checklist não é coisa que ocorre em todos os encontros. Embora a ereção em si seja uma resposta reflexa determinada nos níveis mais posteriores da medula, há inervação com as regiões frontais do córtex cerebral que determinam processos modulatórios (inclusive inibitórios) que envolvem aspectos emocionais.
Apesar disso, há essa expectativa por parte dos homens de que a ereção ocorra em absolutamente todas as vezes que se espera que ela esteja lá. É exatamente este tipo de expectativa que acaba gerando ansiedade e acentuando o insucesso com a ereção. Por isso é preciso saber conhecer seu próprio desejo, seu corpo, o momento e a pessoa que está compartilhando aquele momento.
Para quem é encanado com a ereção, uma abordagem interessante é o livro recém-lançado por Jacques Fux, Brochadas. Ele acessa o tema de uma maneira pouco usual, relatando de forma divertida várias brochadas de seu protagonista histórico-literário. Vale a pena ler ao menos pela empatia que, uma vez estabelecida, pode ajudar a diminuir a ansiedade e a achar caminhos de solução alternativa para quem sofre com as brochadas.