“Nem Princesas, Nem Escravas” revela Ornitorrinco careta
A comédia dirigida por Cacá Rosset é incapaz de entrar no debate feminista e de provocar extremistas ao transitar por estereótipos

Nas décadas de 80 e 90, o Teatro do Ornitorrinco, dirigido por Cacá Rosset, causava furor. Suas montagens, muitas delas para clássicos, eram conectadas com o momento e arrancavam gargalhadas da plateia. Por isso, a comédia Nem Princesas, Nem Escravas, do mexicano Humberto Robles, é uma tremenda decepção, incapaz de entrar no debate feminista e de provocar extremistas ao transitar por estereótipos.
Christiane Tricerri é Telma, uma bem resolvida prostituta, enquanto Lupita (papel de Angela Dippe), a dona de casa, não vê mal algum em apanhar do marido. Patrícia (a atriz Rachel Ripani), a intelectual politizada e ambiciosa, fecha o trio. Na reta final, a vida de cada uma passa por reviravoltas que desmontam seus castelos.
Aos quarenta anos, o Ornitorrinco encaretou e não tira mais proveito das polêmicas. A atual peça fica um show de cabaré, por vezes pouco fluente, e resta a constatação de que, pelo menos, Christiane Tricerri ainda encarna o velho espírito do grupo (90min). 14 anos. Estreou em 19/5/2018.
+ Teatro Sérgio Cardoso — Sala Paschoal Carlos Magno. Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista. Sábado, 19h30; domingo, 16h; segunda, 20h. R$ 30,00. Até 9 de julho.