ONU lança guia “politicamente correto” para falar sobre HIV
Documento apresentado pela Unaids Brasil traz definição para mais de 130 termos ligados à população LGBT e aos cuidados com o vírus
Apesar de ter sido descoberta há mais de trinta anos, a Aids ainda é um assunto difícil de ser abordado. Pensando nisso, a Unaids Brasil – programa da ONU pelo combate ao vírus no país – lançou um guia de terminologias indicando as expressões mais adequadas ou “politicamente corretas” ligadas ao tema.
“As palavras são capazes de moldar o pensamento e influenciar comportamentos. Portanto, a utilização de linguagem apropriada tem o poder de fortalecer a resposta global à epidemia de Aids”, afirma a diretora da Unaids Brasil, Georgiana Braga-Orillard.
Além de indicar novas terminologias, o documento traz um dicionário com mais de 130 verbetes ligados à população LGBT e aos cuidados com a doença, com definições para termos como “estado sorológico” e “transfobia”, por exemplo.
A versão completa do guia está disponível na internet, mas selecionamos alguns termos que a ONU recomenda que caiam em desuso. Confira:
Portador de Aids – o ideal é se referir a pessoas infectadas por “portador de HIV”. Isso porque nem todos que carregam o vírus manifestam a doença, que leva o nome de Aids. Além disso, o guia alerta que o termo pode ser “estigmatizante e ofensivo para muitas pessoas vivendo com HIV”.
Pessoa contaminada por HIV – deve ser substituído por “pessoa vivendo com HIV”, já que o termo “contaminação” se refere a objetos e equipamentos. Pessoas que vivem com HIV, na realidade, foram infectadas e não contaminadas pelo vírus.
Grupos de risco – quando nos referimos ao grupo de pessoas que tem maiores chances de contrair o vírus, é melhor substituir por “população chave”. De acordo com o guia, quando falamos de Aids, não existem grupos de risco e sim, comportamentos de risco. Além disso, a utilização do termo pode aumentar o estigma e a discriminação contra determinados grupos, especialmente a população LGBT.
Doença mortal/incurável – neste caso, é melhor não rotular a doença. A ONU explica que referir-se ao vírus desta forma aumenta o estigma e a discriminação, além de gerar pânico entre pessoas infectadas e familiares.
Doença Sexualmente Transmissível (DST) – há alguns anos, recomenda-se substituir o termo por Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Isso porque muitas infecções do tipo não chegam a causar sintomas, nem a manifestar uma doença, de fato.