Conheça Emme White, a starlet pornô da vez
Aos 36 anos, a "Meryl Streep" do gênero encantou a plateia com um discurso politizado para agradecer os quatro troféus no Prêmio Sexy Hot, o "Oscar Pornô"
Com um tubinho nude e preto deixando os seios fartos em destaque, Emme White subiu ao palco da Estação São Paulo quatro vezes na última terça (6) para levar seus prêmios Sexy Hot, o Oscar do pornô. A atriz foi a Meryl Streep da noite: fez um discurso bem politizado para celebrar seus troféus nas categorias Sexo Oral, Gang Bang, Melhor Atriz Homo Feminina e Melhor Cena Homo Feminina. Das indicações, só perdeu a Revelação Hétero do Ano. “A gente literalmente dá duro para estar aqui, dando a cara à tapa, enfrentando preconceitos dessa sociedade hipócrita”, disse Emme, dedicando sua conquista às colegas de classe. A seguir, Emmeline Rodrigues, a gaúcha de 36 anos (1,57 metros de altura e 52 quilos), moradora do Butantã, fala sobre a vida de starlet pornô:
As pessoas têm muita curiosidade em relação aos bastidores de uma produção. É mesmo sexo, drogas e rock’n roll?
Nos Estados Unidos há cenas mais hardcore. No Brasil, a maioria das produções não é tão pesada. Você recebe o roteiro antes, sabe com quem irá contracenar. Ao chegar ao set, o diretor se dedica mais à historinha das preliminares. Na hora H, deixa os atores livres, só avisa se quer oral, anal ou vaginal, além de avisar o enquadramento, por causa da luz. Adoro sexo, então procuro realmente unir o útil ao agradável e gozar durante minhas cenas. Para a mulher que curte se exibir e gosta de transar, é uma vida mais fácil. Já os caras precisam do Viagra, porque têm a obrigação de manter a performance.
Ser famosa no meio traz muito dinheiro? Quanto?
Ganho mais dinheiro como camgirl do que nos filmes (Emme está no elenco do Câmera Privê). Se você se dedicar diariamente, em um expediente de oito horas por noite, dá para tirar aproximadamente 8 000 reais por mês. Os filmes pornôs são cobrados por cena, mais ou menos 550 reais por quarenta minutos. Faço em média cinco por mês. Eles ajudam na divulgação do meu canal.
Por que você decidiu atuar nesse mercado?
Sempre tentei o meio artístico. Estudei Letras e Educação Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas não me formei. Fui cantora de MPB em barzinhos em Porto Alegre, mas não conseguia me sustentar. Em 2009, eu me mudei para São Paulo, tentar a vida como dançarina do ventre do Khan El Khalili. Eles pagam 50 reais por apresentação e, de cara, percebi que não conseguiria me sustentar. Comecei a me apresentar como camgirl. Criei meu nome artístico: Emme, meu apelido, e White, porque sou branquinha. Há dois anos, mostrei meu rosto e ganhei mais retorno. A partir daí, recebi os convites para os filmes pornôs. Na época, eu namorava. Acertei com ele que só faria cenas lésbicas, para não ficar enciumado. Mas no ano passado, decidi entrar no mercado heterossexual, para melhorar minha carreira. Foi um baque para ele, mas acabou aceitando. Em novembro, nosso namoro terminou, por desgaste natural do relacionamento.
Como sua família encarou essa decisão?
Eles detestaram. Vim de uma família de classe média evangélica, meu pai é militar e sempre estudei em escola católica. Até hoje, não entendem, mas falam comigo. Tenho duas irmãs mais novas, uma atendente de loja de 32 anos e uma estudante de odontologia, de 24. As duas são casadas e levam uma vida dentro dos padrões. Se eu as influenciasse e elas seguissem meu caminho, meus pais ficariam extremamente chateados.
E como lida com o preconceito da sociedade?
Recebo diariamente cerca de cinquenta mensagens grosseiras, com nudes, no meu Facebook. Todas essas, escritas por homens, embora muitos me mandem também recados bonitinhos. No início, eu ficava p… da vida. Agora, só olho e não ligo. As mulheres também me cantam, mas são mais delicadas, só elogiam. Tem também os “approach” inconvenientes, como os caras que interrompem conversas com amigas para me chamar para sair… Mas nada fisicamente agressivo. No mais, nunca fui barrada em lugar nenhum.
Você está com 36 anos. Como imagina seu futuro?
Não penso nisso e vivo o momento. Talvez eu faça um curso de atriz para atuar na televisão ou no teatro. Mas sou realista: não sei se uma Rede Globo ou um diretor renomado dariam espaço para uma ex-atriz pornô em uma novela ou um musical. Por exemplo, tem a Sasha Grey, starlet americana inteligente e politizada, que até hoje não conseguiu emplacar… Na minha carreira nesse meio, ainda tenho pelo menos dez anos de câmeras. Há camgirls cinquentonas muito requisitadas. Tem fantasias para todos os gostos.