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Artistas lançam manifesto contra censura à arte erótica

Campanha quer arrecadar fundos para evento e livro para denunciar censura contra movimentos como a performance "La Bête", de Wagner Schartz no MAM

Por Ana Carolina Soares
Atualizado em 25 set 2019, 12h21 - Publicado em 24 set 2019, 21h03
Cena de "La Bête", do performer e coreógrafo brasileiro Wagner Schwartz: motivo do projeto (Caroline Moraes/Divulgação/Veja SP)
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Nesta semana, 31 artistas se uniram para lançar a campanha Obscenografica, contra a censura e o moralismo nas artes eróticas.

O manifesto diz que o movimento começou com uma conversa entre eles. Perceberam uma onda de censura a exposições e performances no Brasil. Citam a mostra Queermuseu (uma mostra com obras eróticas); a performance La Bête, de Wagner Schartz, na qual o artista ficava nu diante de uma plateia de diversas faixas etárias no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM); a peça O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, apresentando um Jesus transexual; e outros casos ocorridos entre 2017 e 2018.

Ao mesmo tempo, os artistas perceberam um avanço de movimentos considerados retrógrados, “clamando por heteroafirmação, pela família cristã, pelo embranquecimento da sociedade, pela cura gay, pelo machismo”.

Obscenografica
(Reprodução/Veja SP)

Vinni Corrêa, poeta que estava idealizando o projeto, teve a ideia de expandi-lo para um manifesto pela liberdade de expressão e que abarcasse a luta pelos direitos civis, pela igualdade de gênero e etnia. Aderiram ao movimento — além dos poetas, cartunistas, contistas, artistas plásticos, fotógrafos e performistas — 25 artistas brasileiros, entre eles, Laerte, Veronica Stigger, Camila Soato, Glauco Mattoso, Bia Leite, Fabio Baroli. Há também artistas de outros países: Frida Castelli (Itália), Oliviero Lazzerini (Itália), Nadia Wamunyu (Quênia), Nayra Martin Reyes (Espanha), Laurent Benaim (França) e Ruddy Travaglini (Martinica).

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“E a arte tem papel fundamental na forma como um povo pensa e se exprime, na maneira como uma sociedade estabelece sua cultura. A arte tem esse poder. E, por isso, querem calá-la! Não o farão se depender de nós, se depender da sua ajuda para imprimirmos esse manifesto e espalhá-lo pelo mundo. Só pelo fato de estarmos aqui divulgando essa campanha de financiamento coletivo já é uma forma de mostrarmos ao mundo que estamos resistindo com todas as armas, ‘pedras, noites e poemas’, pois todas são boas, como disse Paulo Leminski.“, ressalta o manifesto, assinado por todos os artistas.

O projeto é sem fins lucrativos. Cada artista doou seus trabalhos para compor esse manifesto. Toda a arrecadação será destinada à edição de um livro e à realização de um evento, que ainda não foi marcado.

A meta é 35 400 reais até dia 25 de outubro. Até agora, só há 200 reais.

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