#SPSonha: o projeto para o novo Pacaembu que não será aproveitado
O projeto da Raí+Velasco que oferecia áreas de lazer, coworking, lounges e espaço para exibições ao ar livre não será implantado pela concessionária
Quem acompanha as privatizações brasileiras dos últimos anos sabe que a menor preocupação dos governantes é melhorar a paisagem urbana. Das concessões atrapalhadas de aeroportos no governo Dilma às estações de metrô tucanas da Linha 4, os governantes apenas queriam fazer caixa ou se livrar de um problema.
Se a prefeitura acerta em passar para a iniciativa privada bens que há décadas rendem um décimo de suas potencialidades (e que exigiriam muitos milhões para ser atualizados), como Pacaembu, Interlagos e Anhembi, melhor ainda seria se houvesse uma preocupação com o que o concessionário fará ali. No caso do Pacaembu, um chamamento público em 2017 pedia propostas para a nova cara do estádio, subutilizado, no bairro central de poucos moradores. A vencedora foi a da empresa de gestão de marcas e desenvolvimento de negócios Raí+Velasco, do ex-jogador e do empresário Paulo Velasco, com o escritório de arquitetura Arena.
O tobogã, que não é tombado, seria substituído por um edifício-ponte, um pouco mais baixo que a atual geral dos torcedores, que poderia abrigar empresas, coworking e bares e restaurantes no rooftop. No dia a dia, serviria de passagem entre um canto e outro do estádio. Uma parte da arquibancada teria lounges, e, embaixo da nova construção, uma praça permitiria a realização de eventos e até a exibição de filmes ao ar livre, numa tentativa de levar público ao lugar, normalmente deserto durante a semana. Mas a concessionária que ganhou a licitação para explorar o estádio, a Progen, não tem obrigação de seguir o projeto premiado que norteou a disputa. Precisa pagar 1,2 milhão de reais por esse trabalho, porém já anunciou que fará outro. A ver.
Publicado em VEJA SÃO PAULO de 1º de maio de 2019, edição nº 2632.