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São Paulo nas Alturas

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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#SPSonha: e se o Campo de Marte fosse um novo Central Park?

Os projetos apresentados pelo ex-prefeito e atual governador, João Doria, ainda não saíram do papel

Por Raul Juste Lores
Atualizado em 8 fev 2019, 16h58 - Publicado em 8 fev 2019, 06h00
Campo de Marte: 320 passageiros por dia em área equivalente a Ibirapuera e Villa-Lobos juntos (NELSON FUKUDA/Estadão Conteúdo)
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Apenas 320 passageiros de aviação executiva voam do Campo de Marte diariamente. A frequência é tão baixa que o local, que até poderia gerar empregos para a região, tem um único restaurante e um bar. O número modesto — qualquer supermercado da cidade tem mais movimento — contrasta com a área ocupada pelo aeroporto: 2,1 milhões de metros quadrados, o equivalente aos parques Ibirapuera e Villa-Lobos somados.

Desde 1958 a prefeitura requer à União a devolução do aeroporto, tomado pela ditadura Vargas em 1932 e ainda pertencente à Infraero e à Aeronáutica. Os prefeitos Pitta, Kassab e Haddad já tiveram projetos para o lugar, que nunca decolaram. Quase seis décadas na Justiça (para que a pressa?) e, em agosto de 2017, João Doria, na época prefeito, assinou um acordo com o então presidente Michel Temer para que um quinto do terreno, 400 000 metros quadrados, fosse transformado em parque. Dezenove meses se passaram e não há o menor sinal de alguma obra para a criação dessa área pública na Zona Norte. Com o alinhamento entre Bolsonaro, Doria e Bruno Covas, mais a privatização da Infraero, será que sai?

Estacionamento do Anhembi e Campo de Marte
Estacionamento do Anhembi e Campo de Marte: desvalorização da Zona Norte (MARCO DE BARI/Divulgação)

Não faltou tempo para urdir um belo projeto para a área e seu entorno. São Paulo até hoje fracassa ao desenhar a relação entre parques e pedestres. O Ibirapuera foi cercado por vias expressas, não dispõe de metrô, e só é facilmente acessível a pé aos poucos moradores das casas vizinhas. A verticalização ao redor do Villa-Lobos se deu quase de costas para o parque (nem para permitir prédios lindantes, que se beneficiariam da vista, pagando um polpudo IPTU em troca). Sem um projeto benfeito, o Campo de Marte pode continuar a ser para poucos. Com ambição inspirada, porém, pode virar um Central Park, com mais verde, empregos e valorização da Zona Norte.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 13 de fevereiro de 2019, edição nº 2621.

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