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São Paulo nas Alturas

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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Dos anos 50, prédio ultracolorido de Artacho Jurado se destaca em Santos

Dois ônibus foram fretados para levar uma caravana de colunistas sociais, socialites e artistas para visitar o edifício Verde Mar em sua inauguração

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 jan 2020, 14h03 - Publicado em 17 jan 2020, 06h00
O primeiro prédio de Artacho Jurado em Santos: excursões com colunistas e artistas (@drone.cyrillo/Veja SP)
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Dois ônibus foram fretados para levar uma caravana de colunistas sociais, socialites e artistas paulistanos para visitar o primeiro empreendimento em Santos do arquiteto e construtor João Artacho Jurado. Tinha até faixa colocada na lateral dos veículos da transportadora Breda anunciando o motivo da excursão — conhecer o edifício Verde Mar. Compradores dos apartamentos também participaram da comitiva, claro, mas Artacho queria glamour e festa, então não podia reduzir o feito a uma simples entrega de chaves.

Edifício Verde Mar Santos
Marquise furadinha controla calor e sol no mirante do prédio (@drone.cyrillo/Veja SP)

Em imagens que hoje pertencem ao acervo do Instituto Moreira Salles, o grande fotógrafo Hans Gunter Flieg clicou diversas cenas das visitas a esse prédio ultracolorido, que se destaca na avenida litorânea por uma enorme marquise que cobre a cobertura e vai além da fachada, em balanço. Anúncios de página inteira publicados nos maiores jornais de São Paulo, em 1° de junho de 1958, mostram como Artacho queria bombar seu feito: “Pela sua beleza e bom acabamento, o Verde Mar destaca-se na praia santista”.

Edifício Verde Mar Santos
Cores no litoral (@drone.cyrillo/Veja SP)

Vários fornecedores também participavam da propaganda. “Nós ajudamos a vestir um gigante”, dizia o texto da Argilex, de pastilhas de porcelana. A empresa Hortulânia Paulista falava das “plantas tropicais” colocadas em todas as floreiras do prédio, uma marca das obras de Artacho. Em um momento em que, graças à expansão da indústria automobilística patrocinada pelo presidente Kubitschek, a elite paulistana já pensava em comprar casas no Guarujá e viajar rapidamente pela Via Anchieta, Artacho queria dar status ao seu prédio, onde unidades de apenas 48 metros quadrados são maioria.

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Edifício Verde Mar Santos
Marquise furadinha controla calor e sol no mirante do prédio (@drone.cyrillo/Veja SP)

A rampa da entrada parece ter saído de um filme hollywoodiano da época. O playground no térreo, que deveria receber mais cuidados, tem ainda muitos dos brinquedos originais que Artacho desenhava, executados pelo Liceu de Artes e Ofícios. Propaganda sempre foi cara ao arquiteto autodidata, que se sentia discriminado pela elite paulistana. Em 1952, ele decidiu patrocinar teleteatros transmitidos ao vivo do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) pela TV Tupi. Tornou- se amigo de muitos artistas assim.

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 22 de janeiro de 2020, edição nº 2670.

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