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São Paulo nas Alturas

Por Raul Juste Lores Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Redator-chefe de Veja São Paulo, é autor do livro "São Paulo nas Alturas", sobre a Pauliceia dos anos 50. Ex-correspondente em Pequim, Nova York, Washington e Buenos Aires, escreve sobre urbanismo e arquitetura
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#SPSonha: A Rua Augusta poderia imitar Bogotá

Nos anos 90, a capital colombiana começou a fechar as ruas aos carros na happy hour: cresceu o número de bares e restaurantes

Por Raul Justes Lores
Atualizado em 5 fev 2020, 13h50 - Publicado em 24 ago 2018, 06h00
Ruas da Zona Rosa de Bogotá ocupadas mesmo sob o frio andino: happy hour sem carros (Caetano Vilela/Veja SP)
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Nas noites dos fins de semana, a Rua Augusta exibe a má distribuição do espaço público entre cidadãos supostamente com os mesmos direitos. Uma multidão se apinha nas calçadas estreitas e esburacadas, competindo com as barraquinhas de DVDs piratas. Na altura do Espaço Itaú de Cinema, às vezes, é preciso fazer fila para continuar caminhando. Em comparação, há bem menos gente dentro dos carros que circulam na mesma via, nos quarteirões compreendidos entre a Paulista e a Peixoto Gomide. Alguns pedestres mais ousados até se aventuram a andar pelo meio da rua, com os riscos conhecidos.

No mês passado, enquanto os carros eram presenteados com mais “Asfalto Novo”, da marqueteira campanha da prefeitura, parte do trânsito da Augusta teve de ser interrompida. A região sobreviveu numa boa. Outras cidades do mundo fizeram essa redistribuição viária há muito tempo. Nos anos 1990, quando sofria algumas das mais altas taxas de violência urbana no planeta, Bogotá ousou facilitar a vida de quem ocupa ruas e calçadas mesmo sob o medo dominante. E, assim, a capital colombiana fechou o trânsito de veículos na happy hour em diversas ruas de seus bairros mais boêmios. Foi um sucesso instantâneo na Zona Rosa.

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O que se viu por lá foi o surgimento de bares, restaurantes e o aumento da segurança (Caetano Vilela/Veja SP)

Em tempos de toque de recolher e sequestros, moradores e gente que trabalhava por ali saíam para beber, ver e ser vistos entre 17 e 19 horas. Cresceu o número de bares e restaurantes na área, o que a deixou mais segura. Poucos anos depois, a bela cidade andina decidiu fazer o mesmo aos domingos, atingindo mais de 100 quilômetros de vias para os pedestres. Como dizia a urbanista americana Jane Jacobs, a melhor vigilância que existe é permitir “olhos na rua”.

A experiência na Avenida Paulista só começou quinze anos após a iniciativa de Bogotá. Nova York seguiu a tendência, ampliando as calçadas da Broadway e reduzindo o espaço para carros na Times Square, durante a gestão Bloomberg. Em São Paulo, onde o sucesso da Paulista aos domingos contrasta com o discurso do aumento das velocidades, a medida pode até demorar. Mas é certo que muitas ruas da cidade poderiam ter uma happy hour segura com mais gente ao ar livre.

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