EXCLUSIVO: Marcio Kogan e Guto Requena projetarão a Villa XP
A proposta dos arquitetos derrotou as dos outros dois concorrentes, os escritórios Triptyque e Athié Wonrath
Os arquitetos Marcio Kogan e Guto Requena serão os responsáveis pelo projeto da “Villa XP”, a sede suburbana do banco XP em São Roque, a 65 km de São Paulo. Sua proposta derrotou as dos outros dois concorrentes, os escritórios Triptyque e Athié Wonrath, segundo fontes da XP. Outros arquitetos convidados declinaram de participar da empreitada.
O campus ficará em uma área de 500 mil metros quadrados, cercada hoje por um bosque de eucaliptos, onde a incorporadora JHSF construiu um aeroporto executivo, um outlet e promete um resort.
Kogan é coautor do Hotel Fasano e já fez residenciais para a Vitacon e para a Idea!Zarvos. Seu escritório é o MK27. Requena fez a decoração de sedes corporativas na cidade como a do Google (em parceria com Athié Wonrath) e é coautor do Edifício Brasil, da incorporadora Zarzur.
A empreitada da XP causou polêmica ao ser anunciada. Ao divulgar a mudança da sede, um texto chamado de “ficção” dizia que seria bom “deixar o caos da cidade grande para trás”, algo considerado insensível em tempos de pandemia, quando a maioria não tinha para onde correr, e sob a crise de arrecadação dos cofres municipais.
No mês passado, Benchimol comparou sua “Villa” ao complexo da Apple em Cupertino, na Califórnia. Muito criticado à época, foi um projeto gestado em 2006, com um estacionamento de 14 mil vagas, maior até que o prédio, em meio ao verde do Vale do Silício, acessível apenas de automóvel. Ao divulgar a Villa em uma rede social, Benchimol mostrou uma vista aérea do lugar, bastante isolado e ainda sem construções.
Essa versão brasileira, catorze anos depois da “inovação” da Apple, também foi criticada por urbanistas locais. “Não é inovador, nem ecológico obrigar funcionários, visitantes e fornecedores se deslocarem tão longe e de carro, onde não há metrô, nem transporte público”, escreveu Anthony Ling.
O arquiteto Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, declarou recentemente que “condomínios horizontais são a anticidade”, referindo-se a empreendimentos similares aos Alphaville e Fazenda Boa Vista, onde se refugiou parte do empresariado brasileiro durante a quarentena. “Uma boa convivência não é em condomínio horizontal, que afasta as pessoas da cidade. Diversidade é qualidade de vida, seja na função ou na renda.”
A vontade de não se corrigir os problemas urbanos, criando bairros ou cidades mais afastados, a partir do zero, já foi testada diversas vezes pelo Brasil. Da criação de Brasília e da Barra da Tijuca, a Alphaville e a Cidade Universitária em São Paulo ou a Cidade Administrativa de Belo Horizonte, todas foram anunciadas em seu tempo como “fuga do caos da cidade”.
Funcionários da XP se queixaram, pedindo anonimato, da mudança de sede. Muitos dizem que querem continuar na capital, nas escolas de seus filhos, perto de amigos e família, e que terão que fazer longas viagens semanais ate lá. Para eles, só alguns diretores, que moram na Fazenda Boa Vista, estão contentes em levar a sede para o interior.