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Filho de Marcelo Rezende divulga texto inédito do pai

Relato sobre a infância difícil no Rio de Janeiro e o sonho de experimentar 'comida de avião' foi lido na missa de sétimo dia pelos filhos do apresentador

Por Redação VEJA São Paulo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 out 2017, 17h01 - Publicado em 10 out 2017, 21h05
marcelo rezende e filho
 (Reprodução/Instagram)
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O jornalista Diego Esteves, filho de Marcelo Rezende, compartilhou um relato emocionante escrito pelo pai. É a primeira vez que o texto – lido na missa de sétimo dia pelos filhos – vem a público.

Rezende fala sobre a infância difícil na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, e o sonho de experimentar ‘comida de avião’ quando criança. “Minha mãe não sabia responder – jamais subira num avião. Não havia dinheiro para isso. E inventava histórias. Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a “comida de avião”. Que decepcão. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor.”

Ele lembra ainda o início da carreira como jornalista, ainda nos anos 70, que finalmente tornou real o sonho de voar. “Mudei a pergunta: “Mãe, avião leva a gente prá onde?”. Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender? Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu começaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais – uma por semana. Meu recorde.”

Rezende iniciou a carreira jornalística no final dos anos 60 como estagiário no Jornal dos Sports, “mas não tinha jeito pra coisa”, segundo seu chefe. Graças aos contatos que fez, conseguiu um emprego na rádio Globo, e em seguida no jornal O Globo. Em 79 veio para São Paulo, contratado pela Placar, onde ficou por quase nove anos, cobrindo inclusive duas Copas do Mundo.

“Mas só aos 30 e pouco anos de vida tive dinheiro para entrar num avião “à passeio”. Era minha nova moda. Já rodei todos os continentes – se bem que Argentina, Holanda e Franca são alguns dos roteiros que mais faco. Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia – dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faca alguma pergunta, vou dizer logo: nós – você e eu – vamos viajar muito a partir de agora.” Boa viagem meu pai.

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O apresentador morreu em 16 de setembro, depois de quatro meses lutando contra um câncer. Em busca da cura, havia dispensado a medicina tradicional e apostado em procedimentos alternativos.

Confira:

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Texto inédito do meu pai @marcelorezende.oficial que lemos com as minhas irmãs na Missa do Sétimo Dia: "Quando pequeno meu sonho era comer 'a comida do avião'. Morávamos – meus pais e meu irmao de criacão – numa escola do antigo SAM – Servico de Assistência ao Menor, a Febem da época. Meu pai Jaures conseguira um emprego. Finalmente. E nós ganhamos o direito de ocupar uma pequena casa dentro da Escola Granja, um reformatório para meninos endiabrados na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Eu incluído nessa leva. A escola ficava às margens do aeroporto internacional do Galeão, hoje  Aeroporto Tom Jobim. A cada instante aviões passavam sobre nossas cabecas – bem baixinho e com seu ronco assustador para um moleque de seis, sete anos.  Minha mãe Áurea, por coincidência, trabalhava como funcionária administrativa da Aeronáutica em outro aeroporto, o até hoje Santos Dumont, no centro do Rio. Eu perguntava: "Mãe, no avião se come? Que que come lá?" Minha mãe não sabia responder – jamais subira num avião. Não havia dinheiro para isso. E inventava histórias. Até que um dia ela me trouxe uma bandeja com a "comida de avião". Que decepcão. A comida de minha mãe era milhões de vezes melhor. Mudei a pergunta: "Mãe, avião leva a gente prá onde?". Você acabou de pensar que eu era abestalhado, certo? Eu tinha seis anos, mais de cinco décadas atrás. Deu para entender?  Minha mãe sei lá o que disse. Mas a vida me traria a resposta. Doze anos depois eu comecaria a ser jornalista e, rapidinho, rapidinho, entrei num avião. Para sempre. Num só ano fiz 54 viagens internacionais – uma por semana. Meu recorde. Mas só aos 30 e pouco anos de vida tive dinheiro para entrar num avião "à passeio". Era minha nova moda. Já rodei todos os continentes – se bem que Argentina, Holanda e Franca são alguns dos roteiros que mais faco. Um filho em cada canto. E agora uma se foi para Nova Zelândia – dezesseis horas num avião.  Perdi tempo com a tal pergunta para a minha mãe. E antes que você me faca alguma pergunta, vou dizer logo: nós – você e eu – vamos viajar muito a partir de agora." Boa viagem meu pai.

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