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Após 30 anos como professora, mulher se demite com desabafo sobre sistema de ensino

Uma professora de Brisbane, na Austrália, resolveu escrever uma carta aberta para explicar por que, após trinta anos de profissão, ela estava abandonando as salas de aula. De acordo com Kathy Margolis, o mesmo texto foi enviado para um jornal local. + Noiva encontra maneira perfeita para surpreender mãe com Alzheimer + Pai compartilha vídeo de filho […]

Por Tatiane Rosset
Atualizado em 26 fev 2017, 13h16 - Publicado em 5 fev 2016, 14h12

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Uma professora de Brisbane, na Austrália, resolveu escrever uma carta aberta para explicar por que, após trinta anos de profissão, ela estava abandonando as salas de aula. De acordo com Kathy Margolis, o mesmo texto foi enviado para um jornal local.

+ Noiva encontra maneira perfeita para surpreender mãe com Alzheimer
+ Pai compartilha vídeo de filho de 15 anos acordando após transplante

A mensagem foi escrita após Kathy decidir abandonar a carreira de professora da pré-escola. De acordo com ela, apesar de amar as crianças, o sistema educacional australiano “está em crise”. O desabafo conquistou internautas e já foi compartilhado por mais de 27 000 pessoas. Confira: 

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E, abaixo, confira a tradução do texto:

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A educação nos colégios australianos está em crise e alguém precisa ouvir quem tem coragem de se pronunciar sobre o caso. Eu sou professora do ensino fundamental nas escolas de Brisbane há mais de 30 anos. Este ano, após pensar muito sobre o assunto, resolvi procurar outro emprego — algo que não é fácil para uma mulher de 50 anos. Eu não posso continuar trabalhando em um emprego que me pede para ir contra as minhas filosofias sobre ensino. Eu amo meus alunos e eles me amam. Eu sei como entreter crianças e sei como transformar estudos em algo divertido — é o que eu faço de melhor.

Hoje em dia, no entanto, professores não têm mais autonomia profissional. Eles falam o que devemos fazer, quando devemos fazer e até quando podemos fazer. Nunca vivenciei um cenário onde professores temem genuinamente não só por sua própria saúde mental, mas também a de seus alunos. A pressão é enorme. E, antes que alguém reclame do nosso horário das 9h da manhã até às 15h da tarde ou dos nossos feriados, vamos deixar algo muito claro: não, professores não trabalham das 9h da manhã às 15h — nós estamos com os alunos durante esse horário. Nós vamos para o colégio, nós fazemos entrevistas com pais e outros professores, nós treinamos equipes e supervisionamos funcionários. E, é claro, há também as preparações para as aulas, a atribuição de notas, os boletins. Professores são pagos por 25 horas por semana (sim, você leu corretamente: 25 horas por semana). Em qualquer outro trabalho, isso seria considerável como ‘meio período’. Bom, agora que eu justifiquei nossos feriados, muitos deles gastos fazendo o que acabei de dizer, vamos falar sobre o que está acontecendo nas salas de aula desta nossa grande nação.

As salas de aula estão superlotadas, repleta de indivíduos com necessidades educacionais e sociais especias. Professores recebem a recomendação de que precisamos cuidar, diferencialmente, de todos os alunos — bons professores tentam fazer isso desesperadamente, mas é quase impossível e nós nos sentimos culpados porque sentimos que não estamos fazendo o suficiente pelas pessoas que estão sob nossa responsabilidade. E que tal a noção de prontidão? Eu sinto pelos pequeninos que ainda estão prontos e ficarão para trás — e este é o problema com o nosso currículo. Não há tempo suficiente para consolidar o básico! Todo professor do mundo irá te dizer que, durante os primeiros anos, devemos focar em apenas alguns tópicos. O currículo também é superlotado — professores que costumavam organizar aulas de teatro estão ensinando crianças a escrever, ler e produzir redação sobre história e geografia. Como uma professora e mãe de três filhos, isso me assusta profundamente. Nós sabemos que crianças desta idade precisam se exercitar e praticar atividades que lhes interesse, não sentados em escrivaninhas. Meus filhos fizeram atividades variadas durante a pré-escola: entraram na primeira série sabendo escrever algumas letras, e sabe do mais? Eles aprenderam a ler e escrever sem serem forçados.

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Na minha carreira como professora, eu nunca vi tantas crianças sofrendo com estresse e ansiedade — isso me entristecesse profundamente. No momento, ensinar é focado apenas nos números. Nós estamos testando e exigindo muito deles. Eu entendo que professores precisam ser responsáveis e é claro que precisamos de avaliações, mas nós temos a habilidade nata para descobrir do que as crianças precisam (…).

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Então por que eu estou escrevendo isso? Porque professores precisam se manifestar, mas nós estamos sempre preocupados com a punição. Nós precisamos reconquistar nossa profissão, mas estamos sem poder algum. Nós damos aulas porque amamos crianças e somos apaixonados por educação. Nossos jovens formandos entram no mercado com olhos brilhantes e entusiasmados, cheios de talento e energia, prontos para fazer a diferença. Então eu pergunto como eles ficam apenas 5 anos no mercado? É claro que esta pergunta é retórica — eu sei a resposta. Eles ficam desiludidos. Professores mais velhos, como eu, já viram dias melhores nas salas de aula então, para nós, é ainda mais difícil ver como a alegria é sugada das nossas aulas. Mas nós também temos experiência, e sabemos quando a briga não vale a pena. As vezes nós nos pronunciamos, não somos assim tão facilmente controlados — mas estamos cansados, e desiludidos. 

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Eu escrevo isso na esperança de atrair atenção para uma problema público. Nós temos que apoiar os pais, que eu sei concordam conosco. Eu escrevo porque amo crianças e não posso aguentar o que estão fazendo com eles. Ano passado, eu pedi desculpas para a minha sala por exigir demais deles, e um garotinho perguntou ‘se você não gosta das coisas que você precisa fazer, por que você ainda é professora?’ — este questionamento me fez pensar sobre o assunto. Eu não tinha uma resposta, com uma exceção: eu amo crianças, e foi com um peso no coração que eu percebi que isso não era mais o suficiente“.

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