Bruno Covas cancela cobrança de IPTU para vítimas de enchente no Ipiranga
Moradores do bairro atingidos por alagamentos em 2019 receberam o boleto mesmo após fazer pedido de isenção
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, tornou sem efeitos os boletos do IPTU de 2020 para moradores do Ipiranga e Cambuci que fizeram pedido de isenção após as enchentes do ano passado. Reportagem de Vejinha na quarta-feira (12) mostrou que muitos habitantes do bairro receberam a nova cobrança, apesar da promessa de que não precisariam pagar o imposto deste ano.
Na quinta-feira (13), o tucano, que não gostou nada do desempenho de parte de sua equipe no episódio (após o temporal da última segunda, ele voltou a garantir isenção de IPTU para vítimas de enchentes no ano que vem), publicou um decreto que suspende a exigibilidade dos créditos que acabaram de chegar às casas. Em nota, a gestão municipal culpa o excesso de solicitações pelo procedimento. “Aquele cidadão que solicitou a isenção e ainda não fez o pagamento de 2020, pode desconsiderar a notificação. Quem já efetuou o pagamento terá atendimento especial na Subprefeitura do Ipiranga para solicitar a restituição e, em até 30 dias, receberá seu dinheiro de volta”.
Com a nova medida, casos como o do empresário Fernando Martins Teixeira poderão ter um desfecho favorável. “Faz um ano que estamos sem garagem”, afirma o morador de um condomínio com mais de 200 apartamentos na Rua Cônego Januário. “Meu pai foi dado como morto, pois estava no estacionamento subterrâneo e a água quase chegou ao teto. Por sorte ele conseguiu subir em um carro e se salvou.”
Sem poder entrar em casa por mais de dois meses, pois o edifício foi interditado, a família Teixeira, que perdeu quatro carros na enchente, se amontoou em uma quitinete de 38 metros quadrados até poder voltar para casa. “Desde então estamos pagando 350 reais por mês de estacionamento para cada automóvel”, queixa-se o empresário.
Outro habitante do Ipiranga que fez o pedido e não foi atendido até agora é o engenheiro-eletricista Luiz Alberto Novaes Batista. “Fui à Subprefeitura do Ipiranga uma semana depois da enchente, preenchi um requerimento, mas recebi o carnê com o valor cheio, como se nada tivesse acontecido”, diz. A casa dele, localizada nas proximidades da Avenida Dom Pedro I, foi inundada em 15 de março de 2019, e ele perdeu equipamentos elétricos, tapetes e diversos móveis. “As portas ficaram empenadas após o contato com a água e estragaram”, queixa-se.