Stone Gossard, guitarrista e fundador do Pearl Jam, fala sobre disco-solo
Quando você vai cobrir um festival do porte do Lollapalooza, coisas inesperadas acontecem ao longo do dia. No domingo, após conversar o Marcelo D2 e o BNegão sobre o show que o Planet Hemp faria no evento (eles também adiantaram que vão gravar um DVD em São Paulo no dia 14 de junho), o pessoal […]
Quando você vai cobrir um festival do porte do Lollapalooza, coisas inesperadas acontecem ao longo do dia. No domingo, após conversar o Marcelo D2 e o BNegão sobre o show que o Planet Hemp faria no evento (eles também adiantaram que vão gravar um DVD em São Paulo no dia 14 de junho), o pessoal da assessoria de imprensa me buscou na sala de entrevistas e me levou – de carrinho de golf – para falar com o guitarrista (e um dos fundadores) do Pearl Jam, Stone Gossard. Não tinha solicitado essa entrevista, mas não dava para recusar a proposta do músico, que queria aproveitar a passagem por São Paulo para falar sobre o seu segundo disco-solo, Moonlander – com lançamento previsto para o dia 25 de junho. Enquanto Gossard não chegava, entramos em um salinha e ouvimos em primeira mão duas músicas do álbum: I Need Something Different e Moon Landing. A primeira poderia claramente estar em um disco do Pearl Jam, enquanto a segunda carrega a mão nas distorções. Depois da audição, esperamos por um bom tempo. Curiosidade: o camarim da banda de Seattle era grande e dividido por salas. Em uma espécie de hall, havia frutas sobre a mesa, e placas em inglês penduradas em cada porta. Elas sinalizavam o local separado para a equipe, a família, a banda….
Com aparência nerd e camisa de flanela xadrez, Stone Gossard apareceu de forma discreta no hall. Sem pinta de estrela do rock, nos convidou para entrar em uma das salinhas. Confira a conversa:
Quando você arranjou tempo para trabalhar no disco-solo?
Na verdade, não consigo separar um tempo exclusivo para criar um álbum, mas nunca paro de produzir. Selecionei várias músicas e as reuni por afinidade até perceber que ali havia um disco. Tem canção que foi feita em 2003, mas também inclui material que surgiu nos últimos seis meses. Estou feliz de ter terminado. Quero ver se as pessoas vão gostar.
I Need Something Different poderia ser uma música do Pearl Jam. Como você separa as faixas que vão para a carreira-solo e as que serão gravadas pelo Pearl Jam?
Eu faço muitas músicas, mas não dá para empurrar tudo para a banda. Eu seria um cara chato se ficasse falando para os outros: ‘olha essa música que eu fiz; agora olha essa; vamos gravar essa também?’. Como todos escrevem, é preciso dividir o repertório com os demais. Às vezes você só consegue incluir duas composições suas em um disco da banda. Por isso, o solo é importante. É a maneira de jogar luz em coisas legais de minha autoria.
O nome da música I Need Something Different é engraçado. É uma mensagem para você mesmo?
O título da música veio, na verdade, pela maneira que ela foi feita. Estava ouvindo o som do baixo e da bateria em loop, então comecei a escrever o que vinha na minha mente. Geralmente, esse não é o meu processo, mas pensei ‘acorde e faça algo’. É bom abandonar as nossas manias. Apropósito, quem tocou bateria nessa faixa foi Matt Chamberlain, que tocou com o Pearl Jam há muito tempo.
Você pretende sair em turnê com esse material?
Talvez faça algo pontual. Quer dizer, se os fãs amarem o disco e ficarem na porta da minha casa gritando, eu até posso sair em turnê (risos). Sem brincadeira, tenho família e quero passar mais tempo em casa.
Colaborou Tiago Faria