Fernanda Takai fala sobre a parceria com Andy Summers
Vocalista do Pato Fu, Fernanda Takai deu o primeiro passo sem a sua banda em 2007, quando lançou Onde Brilhem os Olhos Seus, um belo registro em homenagem a Nara Leão (1942-1989), uma das principais intérpretes da bossa nova. Cinco anos depois da estreia-solo, a cantora volta a flertar com o gênero a convite do […]
Vocalista do Pato Fu, Fernanda Takai deu o primeiro passo sem a sua banda em 2007, quando lançou Onde Brilhem os Olhos Seus, um belo registro em homenagem a Nara Leão (1942-1989), uma das principais intérpretes da bossa nova. Cinco anos depois da estreia-solo, a cantora volta a flertar com o gênero a convite do guitarrista inglês Andy Summers, ex-integrante do grupo The Police – eles se conheceram em 2009, por intermédio do compositor Roberto Menescal. A parceria originou o CD Fundamental, que une composições dele à delicada voz dela. Acompanhados por cinco instrumentistas, os dois mostram essas faixas no Teatro Bradesco. Apesar de tomar a textura da bossa nova como base, as canções ganham pinceladas de outros estilos. Pra Não Esquecer, por exemplo, recebe batida de baião, enquanto Smile and Blue Sky Me tem levada pop. Há alguns momentos mais mornos no disco. Músicas do Police e de Nara Leão incluídas no repertório do show, contudo, prometem dar um tempero extra à performance ao vivo.
Confira a entrevista com Fernanda Takai:
Quando ocorreu o primeiro contato com Andy Summers?
Em 2009, Roberto Menescal nos apresentou por ocasião de um documentário [United Kingdom of Ipanema] que o Andy estava fazendo sobre a influência da bossa nova em sua vida. Tocamos juntos Insensatez num fim de tarde. Apenas voz e dois violões. Foi um momento especial.
Como surgiu a ideia de fazer um álbum conjunto?
Há dois anos, ele mencionou que gostaria de trabalhar comigo em alguma canções, mas achei que fosse apenas daqueles convites: ‘um dia passa lá em casa…’. Mas ele realmente fez contato e, no ano passado, me mandou um email contando que tinha escrito 18 músicas pensando em minha voz e no meu jeito de cantar. Daí fomos trocando diversas mensagens e telefonemas até fechar o repertório. Nesse ano, eu finalmente fui à Califórnia para gravar os vocais lá.
Você pensava em retornar a bossa nova tão rápido?
O álbum não se restringe à bossa nova. Tem um tiquinho de pop, baião, solos de rock, jazz, trilha de cinema… Acho que ele mostra bem como a música foi se misturando tanto na minha vida quanto na dele. Mas eu sabia que o acento bossa nova apareceria pela importância que Andy dá à ela. Como eu também gosto do gênero, não houve problema. Meu disco solo, apesar de dedicado à Nara, também não é um álbum só de bossa nova. Considero-o uma experiência pop com um repertório consagrado de MPB de várias frentes diferentes.
Como foram as gravações?
Quando cheguei ao estúdio particular do Andy em Venice Beach, Marcos Suzano (percussão) e Abraham Laboriel Sr. (baixo) já tinham gravado as bases. As canções já estavam arranjadas com boa parte dos instrumentos definitivos. Depois que gravei todas as vozes, houve alguma mudança aqui e ali. Gravei todas as canções em inglês, as versões em português e uma em japonês. Além dos respectivos backing vocals delas todas. Um trabalho intenso em 9 dias, das 10 da manhã às 7 da noite.
Andy Summers fez diversas músicas, mas o disco tem onze. Como decidiram quais entrariam?
Por pura empatia musical. Andy me deixou livre pra escolher o repertório final, pois eu era a voz do disco. Achei isso muito bacana, ele não impôs uma música sequer. Apontei as minhas preferidas.
Quando faz um projeto paralelo ao Pato Fu, você se obriga a fugir de elementos que caberiam na banda?
Eu diria que deixo mais à vontade o meu lado de intérprete, que é muito diversificado. Tenho cantado em companhia de artistas cada vez mais diferentes, num espectro grande de gêneros. Acho isso muito bom! As minhas composições próprias, prefiro gravar na banda. Não faria sentido guardar algumas pra mim. Então minha proposta interna vai por este caminho. Cantando solo posso dizer sim a alguns convites que talvez a banda não ficasse muito à vontade pra aceitar, afinal são pessoas diferentes com suas opiniões e gostos específicos.
Como vocês conciliarão as agendas para fazer shows do disco?
Faremos essa primeira etapa em outubro. Depois Andy volta aos Estados Unidos para divulgar um documentário que foi feito baseado num livro dele. Ele tem outros projetos musicais em Los Angeles também. Em dezembro, começo a gravar o décimo segundo disco do Pato Fu. Será um trabalho de músicas inéditas e deve sair depois do Carnaval. Ano que vem acharemos um novo espaço para viajar com nosso disco Fundamental.
Você acha que lançar um disco com Andy Summers lhe dá credenciais?
É uma carta de apresentação interessante, claro. Lá fora, junto à imprensa especializada e também ao seu público que o conhece bem pelo trabalho no The Police, pode haver uma curiosidade sobre a voz que ele convidou para esse disco. Andy tem lançado muitos discos instrumentais, mas algo assim é raro. É um encontro muito especial.
Assista ao making of do trabalho:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=Wb1eFjxKqOo?feature=oembed&w=500&h=281%5D