Cover? No, no, no… Miranda Kassin lança primeiro disco autoral
A cantora Miranda Kassin ficou conhecida na noite paulistana pelos projetos Divas do Soul e I Love Amy. Após explorar tanto o repertório alheio, a intérprete lança o primeiro trabalho autoral, Aurora, no palco do Auditório Ibirapuera. De sonoridade vintage, o álbum gravado em um sítio se aproxima do soul em Pobre Menina, mas não […]
A cantora Miranda Kassin ficou conhecida na noite paulistana pelos projetos Divas do Soul e I Love Amy. Após explorar tanto o repertório alheio, a intérprete lança o primeiro trabalho autoral, Aurora, no palco do Auditório Ibirapuera. De sonoridade vintage, o álbum gravado em um sítio se aproxima do soul em Pobre Menina, mas não segue regras. Flerta com elementos roqueiros, pop e possui até um toque riponga. Em entrevista, ela fala sobre as suas referências e o novo trabalho.
Você morou nos Estados Unidos. Foi isso que te aproximou do soul?
Desde pequena eu tive contato com o gênero. O meu tio morou durante muitos anos em Nova York. Como ele curtia esse tipo de som, colecionava álbuns da Motown. Quando ele vinha passar férias no Brasil, a família inteira se reunia para ouvir os discos. Mas, sem dúvida, foi quando eu cheguei nos Estados Unidos que o soul me pegou de jeito. Comecei a frequentar as igrejas dos negros e a apreciar gospel. Foi aí que passei a pensar em música profissionalmente.
Você já cantava alguma coisa?
Eu sempre fiz aulas de canto como hobby, inclusive com a Cida Moreira.
Como foram as aulas com a Cida Moreira?
Na verdade, só fiz umas quatro aulas com ela (risos). A Cida era minha conhecida. Toda vez que eu chegava na aula, a gente ficava papeando. Até que um dia ela falou: “Miranda, chega! É melhor a gente ir para um barzinho conversar. Você não precisa de aula de canto, porque você já sabe cantar.” Aí eu parei as aulas.
Achei curioso você ter colocado a Amy Winehouse como sua madrinha nos agradecimentos do disco…
Eu devo muito a ela, porque foi a minha grande inspiração e fonte de pesquisa. Tive essa mesma paixão pelo New Kids on the Block quando eu era mais nova (risos). Quando a Amy apareceu, fiquei apaixonada, por isso a coloco como madrinha. Não me incomodo com as comparações. Desde que ela apareceu na minha vida, eu só cresci profissionalmente.
Mesmo com a influência, Aurora não é um disco de soul.
Fomos gravar o disco em um sítio. Estávamos abertos a várias possibilidades. Aurora é uma mistura da minha vida. Não estava preocupada em seguir uma linha determinada. É um gênero próprio. Inclusive, na hora de classificar no Itunes, coloquei como música brasileira. Acho que as pessoas sentiam falta de conhecer a Miranda na essência, porque sempre me relacionavam a alguém.
Por que demorou para lançar o primeiro disco autoral?
Eu não sentia vontade de ter uma trabalho próprio. Tem muita coisa boa já pronta e não achava que o meu disco faria diferença no mundo. A Etta James, por exemplo, não tem nenhuma música própria. Todas são de um banco de dados da Motown. Ela escolhia e gravava. O meu trabalho de intérprete sempre foi muito importante para mim. Adoro interpretar e explorar uma canção. Aceitei o desafio de gravar um disco, porque, aqui no Brasil, a gente sofre uma pressão de que você só é aceito pelo público se compõe.
Em Divas do Soul e em I Love Amy, você canta em inglês. Por que decidiu gravar só em português?
Não estava acostumada a cantar em português. Quando eu fui gravar o disco, senti a necessidade de fazer na nossa língua para que o público entendesse. Nos shows, percebo que as pessoas vão no embalo e dançam para caramba, mas sinto que nem sempre estão entendendo.
É um disco de apenas oito faixas. Tem algum motivo para ter feito um trabalho relativamente pequeno?
Fiz um compromisso comigo mesma. Eu queria fazer uma obra. Com oito faixas, senti que o disco ficou bem amarrado, do tamanho certo e comunicando o que eu queria. Se eu colocasse mais alguma coisa, ele perderia essa identidade forte que tem. Não quis colocar mais músicas para encher linguiça.