“Villa”, de Guillermo Calderón: cicatrizes da ditadura chilena
Diego Moschkovich dirige as atrizes Angela Ribeiro, Flávia Strongolli e Rita Pisano
Localizada na periferia de Santiago, a Villa Grimaldi foi uma propriedade usada para interrogatórios e prisões na ditadura do general Augusto Pinochet, que presidiu o Chile entre 1973 e 1990. O drama Villa, escrito por Guillermo Calderón, ganha montagem brasileira para mostrar as sequelas de uma violência incapaz de ser aliviada pelo tempo.
Em uma sala de reuniões, três mulheres (interpretadas com equilíbrio por Angela Ribeiro, Flávia Strongolli e Rita Pisano), todas da mesma faixa etária, analisam os projetos que darão novo destino à área desocupada. A liberação de uma verba governamental pode transformar o local, por exemplo, em um museu. A cada discussão, porém, questões difusas são trazidas à tona e emperram o debate.
Dirigida por Diego Moschkovich, a peça tem um grande trunfo dramatúrgico. O perfil das personagens é entregue aos poucos, sem obviedades, deixando o público propositadamente confuso na tentativa de desvendar as intenções de cada uma delas. As revelações na reta final, no entanto, oferecem um profundo mergulho psicológico que explica o envolvimento das personagens com a repressão chilena. Logo, o clipe exibido no encerramento do espetáculo soa mais a uma provocação supérflua que a complemento cênico de uma potente dramaturgia (70min). 14 anos. Estreou em 25/10/2018.
+ Auditório do Sesc Pinheiros. Rua Paes Leme, 195, Pinheiros. Quinta a sábado, 20h30. R$ 25,00. Até sábado (24).