“Tudo que Dói”: texto mostra Mário Bortolotto em forma
O dramaturgo e diretor produz obra sobre homem que reencontra o passado com forte carga emocional e teor poético
Nas recentes temporadas, o dramaturgo Mário Bortolotto dirigiu boas montagens das peças Killer Joe, de Tracy Letts, Criança Enterrada e Oeste Verdadeiro, as duas últimas escritas por Sam Shepard. A profícua veia autoral parecia adormecida. O drama Tudo que Dói mostra que a espera valeu a pena e se revela o exemplar mais bem-acabado de sua obra desde Uma Pilha de Pratos na Cozinha (2007).
Convincente, o ator Nelson Peres interpreta um consagrado escritor exilado em uma minúscula cidade. Passa os dias em um bar, rodeado de outros bêbados, na tentativa de esquecer o próprio passado. A chegada de uma jornalista (Débora Stérr, em revezamento com Liz Reis) interessada em entrevistá-lo coincide com a visita de sua filha (a atriz Renata Becker), que atingiu a maioridade e deseja conhecer o pai.
Bortolotto, também responsável pela encenação, produz diálogos de forte carga emocional e teor poético sobre solidão, violência e as vergonhas de cada um. Carcarah, Walter Figueiredo, Marcos Amaral e uma surpreendente Luciana Caruso completam o elenco (70min). 16 anos. Estreou em 6/10/2017.
+ Teatro e Bar Cemitério de Automóveis. Rua Frei Caneca, 384, Consolação. Sexta e sábado, 21h; domingo, 20h. R$ 20,00. Até 17 de dezembro.