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Sob direção de Elias Andreato, “A Casa de Bernarda Alba” estreia em setembro no Cultura Artística Itaim

Clássico sobre o mundo feminino, o poder e a repressão, A Casa de Bernarda Alba sobrevive incólume ao tempo. Graças a um texto que dispensa profundas intervenções para ganhar o palco de forma atraente. Foi no início da Guerra Civil Espanhola, pouco antes de ser fuzilado, que Federico García Lorca (1898-1936) escreveu o drama familiar. […]

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 27 fev 2017, 00h43 - Publicado em 1 ago 2013, 18h12
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Walderez de Barros (ao centro) e o elenco de “A Casa de Bernarda Alba” (Foto: João Caldas)

Clássico sobre o mundo feminino, o poder e a repressão, A Casa de Bernarda Alba sobrevive incólume ao tempo. Graças a um texto que dispensa profundas intervenções para ganhar o palco de forma atraente. Foi no início da Guerra Civil Espanhola, pouco antes de ser fuzilado, que Federico García Lorca (1898-1936) escreveu o drama familiar. Sob a direção de Elias Andreato, o texto volta à cena no dia 14 de setembro para temporada no Teatro Cultura Artística Itaim. Walderez de Barros abraça o papel da matriarca, que, depois da morte do marido, impõe para as cinco filhas um luto de oito anos. O elenco feminino é completado por Patricia Gasppar, Mara Carvalho, Bruna Thedy, Victoria Camargo, Tatiana De Marca, Isabel Wilker e Fernanda Cunha. Elias Andreato bateu um papo com o blog sobre A Casa de Bernarda Alba, García Lorca, teatro e também sobre sua intensa atividade nos palcos. Fora os trabalhos como ator, a nova montagem é sua oitava direção em dois anos.

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Qual o maior prazer e a maior dificuldade na hora de recriar um clássico?

O maior prazer é pensar em todos os artistas que percorreram o mesmo caminho ao montar esse texto. É me sentir um membro dessa família, estar me aprimorando e me descobrindo! A dificuldade é definir onde essa obra se identifica com a minha história. E para surpresa minha eu percebo que ela é muito familiar. Penso na minha mãe, nas minhas irmãs, no meu pai morto… Penso também no meu país, no meu engajamento e na luta política do meu irmão, o artista plástico Elifas Andreato.

O que mantém A Casa de Bernarda Alba tão atual? É a força do matriarcado, a força da mulher, a forma como Lorca utilizou simbologias para retratar a repressão pessoal e política?

Tudo isso me interessa e estou atento. Evoluímos muito pouco. As religiões continuam opressoras. A política segue cruel mesmo nas democracias. O preconceito é visível e cada vez mais explícito. Mas o que mais me chama atenção é a delicadeza com que o poeta define os personagens. Antes da prosa, eu fui arrebatado pela poesia do Lorca. O trágico é óbvio e presente. Os traços fortes estão em todos os momentos, mas a soma do preto com o branco resulta em cinza claro ou chumbo. A luz do sol da Espanha é alaranjada, e o céu sempre é carregado de estrelas. E mesmo assim se grita e se ama.

Como é administrar o humor, o talento e algum probleminha durante os ensaios em um elenco repletos de mulheres? É muito diferente de dirigir um grupo masculino?

Eu sempre acredito que gentileza gera gentileza. A ausência de amor gera a violência. A agressividade não me torna mais criativo. Fiz psicanálise durante dezessete anos. Foi um dinheiro muito bem gasto. Eu tenho humor. Faço o que gosto e isso é um privilégio. Não sinto muito a diferença em trabalhar com grupos masculinos ou femininos. Com mulheres ou com homens, eu sou ativo! (risos)

Agora, a pergunta que não quer calar… Você não para. De onde vem inspiração para tanta produção? E por que essa fase tão criativa se manifestou nos últimos anos?

Olha, eu acordo às 8h e vou dormir lá por volta da uma da madrugada. Não tenho cachorro, planta, mulher ou marido. Não bebo, não fumo e de sexo eu tenho apenas alguma lembrança. Não faço caminhadas, a pressão está normal e o meu colesterol ok. Só adquiri uma pequena úlcera e tenho dormido com uma bolsa de água quente… Então, eu tenho me dedicado ao teatro. Ele ocupa todo o espaço da minha vida. Batalhei muito para me tornar um artista e não foi fácil. Trabalhar é uma forma de agradecimento por estar aqui, fazendo do meu ofício um exemplo para mim ou para alguém que também tenha essa paixão.

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Elias Andreato: oito direções em dois anos (Foto: Ligia Skowronski)

P.S.: leitores, o blog estará de férias durante esse mês. Até o início de setembro!

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