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“Onze Selvagens”: o primo brasileiro dos relatos argentinos

O dramaturgo e diretor Pedro Granato criou um surpreendente espetáculo sobre a intolerância e a violência

Por Dirceu Alves Jr.
18 out 2017, 13h08
 (Victor Otsuka/Divulgação)
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Lançado em outubro de 2014, o filme Relatos Selvagens, do argentino Damián Szifrón, ganhou fãs graças a uma teia de personagens à beira de um ataque de nervos. Prova dessa empatia é que, três anos depois, o longa continua em exibição no Caixa Belas Artes. Não soa leviano afirmar que o dramaturgo e diretor Pedro Granato se inspirou no roteiro da fita para criar Onze Selvagens. É inegável, porém, que o espetáculo consegue ser mais perturbador por privilegiar a encenação de narrativas de conotação política e social com extremo realismo.

De início, os cinquenta espectadores se acomodam em cadeiras numeradas ao redor da arena do Pequeno Ato. Misturados entre os pagantes estão os onze atores, sem identificação. A abertura da peça já surpreende, ao mostrar a irracional discussão entre duas pessoas por causa de uma poltrona do teatro. É tão enérgico que nem parece ficção. Na sequência, um professor é questionado de forma agressiva pelos alunos e, logo mais, dois rapazes, depois de uma relação sexual, desentendem-se por causa de uma mensagem no celular. As situações se desenrolam a poucos metros do público, por vezes até na cadeira ao lado, e a identificação é imediata.

A veia política se explicita na história de um jovem ferido em uma manifestação de rua que enfrenta a resistência do médico a atendê-lo. Um casal em sua primeira ida ao cinema abre espaço para tratar do abuso sexual, enquanto um chefe reunido com a equipe traz à tona o assédio moral. Diretor habilidoso, Granato compõe imagens impactantes e delicadas para temas espinhosos, amparado na coreografia de Inês Bushatsky e na iluminação de Gabriel Tavares.

Fundamental para o acerto é o rendimento do elenco, cuja garra e uma defesa empenhada do texto justificam o crescente boca a boca em torno da montagem. Com Anna Galli, Bianca Lopresti, Gabriel Gualtieri, Isabella Melo, Jonatan Justolin, Gustavo Bricks, Mariana Marinho, Mariana Beda, Rafael Carvalho, Renan Botelho e Vítor diCastro (70min). 16 anos. Estreou em 24/3/2017.

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+ Teatro Pequeno Ato. Rua Doutor Teodoro Baima, 78, Vila Buarque. Sexta, 21h; sábado, 19h. R$ 40,00. Até 11 de novembro.

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