“Novos Baianos”, um musical que exagera no clima bicho-grilo
O espetáculo, dirigido por Otavio Muller, só ganha fôlego ao colocar em cena os sucessos da banda de Moraes Moreira, Baby e Pepeu Gomes, entre outros
Existe um descompromisso com o rigor teatral e dramatúrgico no musical Novos Baianos, escrito por Lucio Mauro Filho. Essa opção, por mais discutível que seja, é fiel ao espírito libertário do grupo formado por Luiz Galvão, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo e Pepeu Gomes.
Jovens e anárquicos, eles saíram de Salvador, ganharam a bênção de João Gilberto e fizeram sucesso no Brasil no começo dos anos 1970 com uma fusão de samba e pop influenciada pelo tropicalismo. Dirigido por Otavio Muller, o espetáculo reforça o clima bicho-grilo da geração hippie, mas o descolamento de uma estrutura teatral convencional evidencia a fragilidade do texto, que enfileira situações e, em sua maioria, não as soluciona.
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Por isso, a montagem só ganha fôlego ao colocar em cena sucessos como Mistério do Planeta, Preta Pretinha, Brasil Pandeiro e Tinindo Trincando. Sob a direção musical de Davi Moraes e Pedro Baby, as canções são levadas sem invencionices, e os intérpretes escalados podem, inclusive, facilmente ser associados aos originais.
Dois exemplos são Gustavo Pereira, representante de Paulinho Boca de Cantor, e Barbara Ferr, surpreendente na difícil tarefa de cantar com afinação e desenvoltura similares às de Baby. Quanto ao trabalho de ator, Ravel Andrade, como Galvão, é um raro destaque. A falta de uma unidade desvaloriza Novos Baianos como bom teatro e o deixa no limite de um show despojado capaz de satisfazer aos fãs (120min). 14 anos. Estreou em 8/11/2019.
+ Sesc Vila Mariana — Teatro Antunes Filho. Rua Pelotas, 141, Vila Mariana. Quinta a sábado, 21h; domingo, 18h. R$ 50,00. Até 15 de dezembro.