Mulheres ácidas, Cristiane Wersom e Marianna Armellini batem papo
As atrizes, conhecidas pelo coletivo As Olívias, estreiam comédia no Teatro Eva Herz em que interpretam diversos tipos femininos
Cristiane Wersom e Marianna Armellini dividem o palco na comédia Mulheres Ácidas, que estreia na terça (14) no Teatro Eva Herz. A peça, dirigida por outra Cristiane, a Paoli Quito, traz uma série de meninas, moças e senhoras, com seus medos, dúvidas e frustrações. Tudo de forma muito divertida, claro.
Amigas desde que se cruzaram pelos corredores da Escola de Arte Dramática (EAD), em 2001, Cristiane, de 41 anos, e Marianna, de 39, já dividiram também projetos, loucuras e até um apartamento. Ficaram conhecidas com o impagável grupo As Olívias, que, além de peças, rendeu um seriado de televisão. A proposta foi a seguinte: e se vocês duas baterem um papo, se entrevistarem? Deu nisso…
Cristiane – Como você se imagina velha?
Marianna – Eu não me imagino, nunca me imaginei. Queria poder dizer que é uma atitude de quem “vive o presente”, mas não é. Penso que seria bom eu pensar na velhice porque começaria a guardar dinheiro.
Marianna – O que falta você fazer na vida?
Cristiane – Viajar mais e aprender inglês decentemente. Resumindo, sou uma adolescente tardia. Também quero fazer muito mais disso tudo. Quero escrever, atuar, dirigir, produzir. E se conseguir fazer isso viajando e em inglês, então vai ser o combo perfeito.
Cristiane – Já que falamos de velhice, como você era quando criança?
Marianna – Míope, dentuça e magrela. Extrovertida em casa e uma ostra da porta para fora. Apaixonada por filmes e por dança. Sonhava ser bailarina e dançar virou uma paixão e frustração. Era louca pelos vestidos da minha mãe e das minhas primas, achava lindo usar meia-calça e queria me casar com um dos meninos do Polegar.
Marianna – O que falta fazermos juntas na vida?
Cristiane – Viajar, desculpa se estou sendo monotemática. Mas é que me imagino viajando por muitos lugares com você, Mari. Imagina, nós assistindo a muitas peças por aí e comprando uns cremes antirrugas incríveis? Acho que, no futuro, vamos deixar nossos maridos em casa e sair pelo mundo. Seremos duas velhas sacudidas!
Cristiane – O que a idade não trouxe a você?
Marianna – Colágeno e paciência. Pior é ir perdendo a paciência com a falta de colageno. A coisa é puxada.
Marianna – Se você pudesse trazer alguma coisa do passado de volta o que seria?
Cristiane – Hummm. Sou do tipo que considera o presente sempre melhor que o passado. Eu não traria nada lá de trás. Sou uma pessoa melhor hoje. Mas pensando bem… Talvez eu quisesse de volta aquela pele mais esticada que eu tinha.
Cristiane – Qual é a pior coisa de ser mulher?
Marianna – Ser regida por hormônios, que mudam o meu humor da água para o vinho e, na maioria das vezes, da água para o vinagre em questão de minutos. Tudo bem que existem outras influências nisso, como a criação, o ambiente, o signo, mas ter TPM, cólica, ficar extremamente sensível e desesperada por causa de um bendito ciclo é muito ruim. Ser mulher em uma sociedade machista, em que vigora a cultura do estupro, também é outra coisa terrível, é viver com medo.
Marianna – Cita um momento em que você se olhou e pensou… Por que escolhi essa profissão?
Cristiane – Toda vez que analiso a minha conta bancária! Mas a paixão faz a gente trabalhar cinco vezes mais que o normal para continuar pagando as contas em dia e seguir em frente.
Cristiane – E a melhor coisa de ser mulher?
Marianna – Bonito seria eu responder que a melhor coisa é gerar outra vida, mas ainda não participei desse processo. Depois, pensei seria poder fazer tudo que um homem faz, só que de salto e cílios postiços. Mas tem muito cara que usa isso muito melhor que eu. Então, a melhor coisa é ser da raça humana. É ser gente e poder amar ver outras mulheres gerando vidas e homens usando salto e cílios, mesmo sendo uma mulher sem filhos e de rasteirinha.