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Morre Sábato Magaldi: o crítico do teatro moderno brasileiro

Se o Brasil passou a olhar com mais respeito e atenção ao gênio Nelson Rodrigues, muito se deve à leitura feita pelo crítico Sábato Magaldi sobre os dezessete textos teatrais do dramaturgo e a divisão estabelecida entre peças psicológicas, míticas e tragédias cariocas. Em 1983, ele defendeu a tese “Nelson Rodrigues: Dramaturgia e Encenações” na Escola […]

Por VEJA SP
Atualizado em 26 fev 2017, 11h11 - Publicado em 15 jul 2016, 11h01
Sabato Magaldi, crítico teatral. (/)
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Sábato Magaldi, crítico teatral. (Foto: Roberto Loffel)

Sábato Magaldi, crítico teatral. (Foto: Roberto Loffel)

Se o Brasil passou a olhar com mais respeito e atenção ao gênio Nelson Rodrigues, muito se deve à leitura feita pelo crítico Sábato Magaldi sobre os dezessete textos teatrais do dramaturgo e a divisão estabelecida entre peças psicológicas, míticas e tragédias cariocas. Em 1983, ele defendeu a tese “Nelson Rodrigues: Dramaturgia e Encenações” na Escola de Comunicação e Artes da USP e, com esta análise, o autor de “Vestido de Noiva” foi decifrado através de palavras capazes de serem entendidas no mundo acadêmico e, principalmente, pelo público menos especializado que até então associava Nelson aos temas chulos e, pasmem, pornográficos.

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O mineiro Sábato Antonio Magaldi morreu de uma infecção generalizada na noite de quinta (14) aos 89 anos. Ele estava internado há duas semanas no Hospital Samaritano, em São Paulo, com quadro de choque séptico e comprometimento pulmonar. Imortal da Academia Brasileira de Letras, o estudioso do teatro ocupava a cadeira de número 24 e era casado com a escritora Edla Van Steen.

Ao lado de Décio de Almeida Prado, Anatol Rosenfeld e Barbara Heliodora, Sábado Magaldi formou o quarteto mais temido e relevante desse segmento no Brasil. Era, no entanto, o mais jornalista deles. Capaz de expressar suas opiniões e embasar conceitos em palavras simples e textos informativos, ele ocupou lugar de destaque na imprensa e foi o crítico que melhor compreendeu o teatro contemporâneo brasileiro – já que cresceu junto com ele.

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Magaldi saiu de Belo Horizonte em 1948 e, no Rio de Janeiro, concluiu a faculdade de direito. Morou no França, estudou na Sorbonne e começou nas escritas teatrais com uma coluna no Diário Carioca. Convidado por Alfredo Mesquita, ele passou a lecionar história do teatro na Escola de Arte Dramática (EAD) e, em 1956, se tornou redator de O Estado de S. Paulo. Foi no jornal da família Mesquita que Magaldi se consagrou e acompanhou ativamente da cena cultural brasileira.

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O crítico não era apenas o homem que via as peças e, depois, escrevia sobre elas. Magaldi tinha uma relação direta com a classe artística, com um convívio próximo e até de amizade com muitos atores e diretores, sem que isso interferisse na sua imparcialidade.

Entre suas obras publicadas, “Panorama do Teatro Brasileiro”, lançado em 1962, permanece até hoje como uma leitura definitiva. “Iniciação ao Teatro” (1965), “Moderna Dramaturgia Brasileira” (1988) e “Teatro da Ruptura: Oswald de Andrade” e “Teatro da Obsessão: Nelson Rodrigues”, ambos de 2004, são destaques da sua produção teórica, ao lado dos prefácios para os quatro volumes do “Teatro Completo de Nelson Rodrigues”, publicado pela Nova Fronteira.

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