“Fauna”, do Quatroloscinco — Teatro do Comum: uma troca espontânea
A dramaturgia, desenvolvida pelos protagonistas Marcos Coletta e Assis Benevenuto, é construída ao vivo durante a apresentação

Ao entrar no Espaço Cênico do Sesc Pompeia, o público é convidado a tirar os sapatos e depositá-los em uma caixa. Latas de cerveja são oferecidas a quem deseja se refrescar durante a sessão. Montagem do grupo mineiro Quatroloscinco — Teatro do Comum, Fauna pode ser definida como uma peça-conversa. A dramaturgia, desenvolvida pelos protagonistas Marcos Coletta e Assis Benevenuto, é construída ao vivo e, mesmo assim, deixa todos à vontade.
Os atores criam histórias inspiradas nos calçados, que, agora, estão no palco. Eles imaginam como seriam os donos dos pés que ali pisam e, com a ajuda dos espectadores, criam tramas envolvendo cada um deles. Com o limite rompido entre palco e plateia, todos entoam a canção Qualquer Coisa, de Caetano Veloso, e falam de sonhos não concretizados e da busca por sensações reais em um mundo virtual.
+ Grupo Tapa apresenta “O Torniquete”.
Coletta e Benevenuto divagam ainda sobre alegrias e angústias e estimulam os outros a contar suas histórias. Nunca fica claro o que é realidade ou invenção. A montagem recorre a um procedimento comum no teatro contemporâneo — usar a plateia como interlocutora para formar a história. O diferencial se dá pela rara intimidade estabelecida em um jogo espontâneo e despido de discursos determinados. Direção de Italo Laureano (70min). 16 anos. Estreou em 15/2/2019.
+ Espaço Cênico do Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93, Pompeia. Quinta a sábado, 21h30; domingo, 18h30. R$ 20,00. Até domingo (10).