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O dramaturgo e cineasta Domingos Oliveira morre aos 82 anos

O diretor carioca estava em seu apartamento, no Rio de Janeiro, quando passou mal no início da tarde deste sábado (23)

Por Dirceu Alves Jr.
Atualizado em 23 mar 2019, 19h53 - Publicado em 23 mar 2019, 19h12
Domingos - filme - Maria Ribeiro e Domingos de Oliveira
Domingos Oliveira (com a atriz Maria Ribeiro): ela dirigiu um documentário em sua homenagem (Divulgação/Divulgação)
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Dramaturgo, diretor de teatro, cineasta e ator. O carioca Domingos José Soares de Oliveira, de 82 anos, morreu no começo da tarde deste sábado (23), em seu apartamento no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, e com ele se foi um jeito único de se comunicar sobre as relações humanas no Brasil em peças e filmes. Para uns era o Woody Allen carioca por radiografar tão bem os costumes burgueses de uma zona sul do Rio de Janeiro que hoje mais parece ficção. Para outros, Domingos Oliveira era o sujeito sedutor, de fala cativante, referência para atrizes de várias gerações, como Leila Diniz, Betty Faria, Clarice Niskier, Maitê Proença, Priscila Rozembaum e Maria Ribeiro, capazes de incorporar no palco ou nas telas um discurso que confundia o estilo de vida do personagem com o do próprio artista.

Sua estreia como autor se deu em 1963 com a peça Somos Todos do Jardim da Infância e, no ano seguinte, chamou atenção com A Estória de Muitos Amores. Seria um estilo popularizado e redimensionado no filme Todas as Mulheres do Mundo (1966), protagonizado por Paulo José e Leila Diniz, que, contrariando o machismo da época, mostrava os conflitos íntimos de um homem diante da necessidade de assumir o grande amor. O personagem Paulo (vivido por Paulo José), o garanhão relutante em largar a vida de solteiro, voltaria personificado de outras formas no longa Edu, Coração de Ouro, sobre o mesmo tema. Domingos passou a década de 70 dedicado aos roteiros de televisão e assinou seriados como Ciranda, Cirandinha, com Fábio Jr. e Lucélia Santos, em 1977, na Rede Globo.

A partir do começo da década de 1980, o artista volta-se exclusivamente para o teatro. Dirige Henriette Morineau e Diogo Vilela em Ensina-me a Viver e Jorge Dória e Betty Faria em Amor Vagabundo. Em 1984, faz grande sucesso com Irresistível Aventura, protagonizado por Dina Sfat e José Mayer. Com Marília Pêra, trabalhou em Adorável Júlia e para Tônia Carrero criou a encenação de Volta por Cima.

Na década de 1990, o espetáculo Confissões de Adolescente, inspirado nas histórias de sua filha, a também atriz Maria Mariana, rendeu um fenômeno de bilheteria, transformado em seriado de televisão e, mais tarde, em filme. De carona no sucesso das meninas, criou Confissões das Mulheres de 30, montagem que teve em seu elenco as atrizes Dedina Bernadelli, Cacá Mourthé, Maitê Proença, Clarisse Derziê Luz e Clarice Niskier, entre outras, em várias temporadas.

A partir dos anos 2000, Domingos passa a se dividir novamente entre o teatro e o cinema, filmando, muitas vezes, suas peças com uma linguagem que praticamente utilizava os mesmos recursos usados no palco e primava pelo baixo orçamento. Separações, Amores, Feminices e Carreiras são exemplos de obras teatrais replicadas com sucesso nas telas. Também dirigiu o longa Juventude, em que também atuava ao lado de Paulo José e Aderbal Freire-Filho, e Infância, protagonizado por Fernanda Montenegro.

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Domingos era portador do mal de Parkinson há mais de uma década e, mesmo assim, nunca reduziu sua produção. Sua última montagem apresentada em São Paulo foi Doppelgänger ou o Mito do Duplo, em 2017, no Sesc Pinheiros, em que dividiu o palco com sua mulher, a atriz Priscila Rozembaum. O longa-metragem Barata Ribeiro, 716, com Caio Blat representando o papel de Domingos na década de 1960, foi lançado em 2016 e premiado no Festival de Gramado. Ali está um jeito de ser e viver de um Rio de Janeiro que era feliz em sua irresponsabilidade e não incomodava ninguém personificado por Domingos até o fim da vida. Cheio de projetos, ele estava participando da roteirização e produção para o Canal Brasil da série Confissões das Mulheres de 50, atualização do sucesso teatral dos anos 90, com boa parte do elenco original de atrizes da peça.

Domingos deixa quatro filhos. O velório será na noite deste sábado, no Teatro do Planetário, na Gávea, no Rio de Janeiro.

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