Claudia Raia estreia “Raia 30 – O Musical” e lista as personagens mais marcantes de sua carreira
Claudia Raia ensaia dia e noite nas últimas semanas e ainda encontra um tempo para bater papo. A proposta foi relembrar os momentos mais significativos de três décadas de carreira. Ideia lançada, e Claudia prontamente já começa a listar. “Tudo começou com ‘A Chorus Line’. Foi ali que as pessoas me viram pela primeira vez”, […]

Claudia Raia ensaia dia e noite nas últimas semanas e ainda encontra um tempo para bater papo. A proposta foi relembrar os momentos mais significativos de três décadas de carreira. Ideia lançada, e Claudia prontamente já começa a listar. “Tudo começou com ‘A Chorus Line’. Foi ali que as pessoas me viram pela primeira vez”, lembra ela, referindo-se ao musical lançado em 1983. Opa, mas, então é um pouco mais de 30 anos, não? “É… Minha primeira novela foi “Roque Santeiro”, em 1985, e ali eu conheci um sucesso popular”, justifica a estrela de 48 anos.
+ A trajetória de Claudia Raia nos musicais.
Com direção cênica de José Possi Neto e texto de Miguel Falabella, a atriz e bailarina estreia “Raia 30 – O Musical” no dia 24 de julho no Theatro Net, no Shopping Vila Olímpia, em São Paulo. “Não pretendo montar uma coisa revisionista. Eu ganhei muito da vida e quero fazer um brinde com o meu público”, avisa. No palco, Claudia revive algumas personagens marcantes. Entre elas estão a atrapalhada Tancinha da novela “Sassaricando”, a presidiária Tonhão do humorístico “TV Pirata”, além da prostituta Sally Bowles do espetáculo “Cabaret”. A temporada é de quintas a domingos, com ingressos entre R$ 50,00 e R$ 180,00, até 18 de outubro.´Conheça um pouco mais das histórias de Claudia e suas personagens.
Tancinha, da novela “Sassaricando” (1987/1988)
“Foi minha primeira grande personagem, uma explosão de popularidade em meio a um elenco de estrelas. Paulo Autran, Tônia Carrero, Eva Wilma, Lolita Rodrigues, Irene Ravache, enfim… A Tancinha marca o início da minha parceria com Silvio de Abreu, uma relação de trabalho e admiração que permanece firme até hoje. Um dia, eu estava nos corredores da Globo, em uma pausa da gravação de “O Outro”, a minha novela anterior, e o Silvio me chamou: ‘Claudia, estou criando um papel para você na próxima história. Topa?’. A vida é assim, e você precisa aprender a aproveitar as oportunidades que aparecem. Quando alguém estende a mão, você precisa corresponder e não rejeitar a chance.”
“TV Pirata” (1988 a 1990)
“Ah, o ‘TV Pirata’ foi a oportunidade que tive para mostrar ao Brasil que não era só uma bunda. Não nego que sou uma mulher bonita, tenho 1,80 metro e chamo atenção, mas não queria estacionar nesse estereótipo. De repente, estava no meio de um elenco de feras, todos especializados em comédia sofisticada. Ali, não era só a piada. A caracterização do personagem era muito importante e só um bom ator para convencer o público. Três anos e centenas de tipos diferentes. De repente, o Tonhão caiu na minha mão. Uma presidiária sapata! As pessoas falam como se o programa tivesse sido exibido ontem. O talento de diretor do Guel Arraes orquestrava tudo e, nos anos 90, depois do fim da ‘TV Pirata’, ainda fiz ótimos casos especiais com ele.”
A minissérie “Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados” (1995)
“A grande virada da minha carreira. Na primeira fase da minissérie, a personagem foi interpretada pela Alessandra Negrini, que arrasou. A diretora Denise Saraceni sugeriu meu nome para a Engraçadinha madura, e o Carlos Manga, que era o diretor-geral, vetou. “A Claudia não é uma mulher rodriguiana, a personagem é comum, sem graça”, disse ele. Ainda por cinema, eu tinha 27 anos, e a personagem uns 45. Denise me chamou para um teste escondida. Fui até a Globo em um meio de semana, depois das 23h, e gravamos algumas cenas. Ela mostrou o material para o Manga e até desculpas ele me pediu (risos). Depois da Engraçadinha, percebi que enfrento qualquer coisa. Posso ser a mocinha, a macaca ou a vilã.”
Charity Hope Valentine, do musical “Sweet Charity” (2006/2007)
“Olha, esse musical foi um dos maiores desafios da minha carreira, talvez o maior. Ali, eu misturei teatro de revista, Bob Fosse e Lennie Dale, as minhas grandes influências. A personagem era uma perdedora, uma desiludida. O espectador precisava me adotar como se eu fosse um cobertor velho e ficar penalizar, sentir vontade de me levar para casa. Passei a vida vendo o filme ‘Noites de Cabíria’, no qual a história é inspirada, e me lembrava da magistral interpretação da Giulietta Masina, toda pequenina, toda econômica. Sem falar que aquela mulher, capaz de transmitir na tela essa grandiosidade, devia bater na minha cintura, não?”
+ Leia entrevista com a atriz e cantora Amanda Acosta.
Sally Bowles, do musical “Cabaret” (2011/2012)
“Foi um jogo de gato e rato que durou uns 20 anos. Primeiro, eu fui convidada, mas a Globo me chamou para uma novela e precisei declinar. Então, tempos depois, tentava comprar os direitos autorais para montar e nunca estavam disponíveis. De repente, surgia uma possibilidade de novo, mas eu não podia por causa de outro trabalho ou por uma questão pessoal. Ficava pensando: ‘caramba, será que eu nunca vou conseguir interpretar a Sally Bowles?’. Sim, o tempo estava passando, daqui a pouco eu não teria mais idade para ela. Até que chegou a hora e entendi que, no fundo, me preparei muito para esse papel. Antes, talvez não tivesse maturidade para encarar ‘Cabaret’. Tanto que o resultado ficou diferente do filme. A minha Sally é uma mulher pesada, prostituta, bêbada, sem ingenuidade alguma. Para chegar nela, eu precisei passar pela Engraçadinha e pela Donatella, da novela ‘A Favorita’, por exemplo.”
+ Leia perfil de Jarbas Homem de Mello.
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