“Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã”: vigor aos 50
Cinco décadas depois, o texto de Antônio Bivar ganha direção de André Garolli e mantém-se atual ao retratar a angústia feminina

As atrizes Angela Figueiredo e Fernanda Cunha firmaram uma parceria com As Moças, o Último Beijo (2014) e Noites sem Fim (2016) que se confirma potente em Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o Sol da Manhã. O texto, escrito por Antônio Bivar em 1968, comunica-se com os dois espetáculos anteriores por enfocar mulheres marginalizadas na busca desesperada por um respiro em meio à opressão.
Geni (papel de Angela) e Eloneida (vivida por Fernanda) perderam a noção de quanto tempo faz que dividem a mesma cela, e, tal como os personagens da peça Esperando Godot, de Samuel Beckett, sonham com uma liberdade inacessível. Entre muito delírio e rara lucidez, as presidiárias recriam histórias em torno de seus crimes e idealizam um universo lúdico, que inclui visitas noturnas de um carcereiro bonitão (representado por Fernando Fecchio), com quem namoram.
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Cinco décadas depois, o texto de Bivar — protagonizado originalmente por Maria Della Costa e Thelma Reston — mant��m-se atual ao retratar a angústia feminina. Sob a direção de André Garolli, Angela e Fernanda convencem nas contradições existenciais de Geni e Eloneida, mas o impacto vem no segundo ato, com Fecchio na pele da carcereira Azevedo, um misto de deboche e crítica social (75min). 14 anos. Estreou em 17/8/2018.
+ SP Escola de Teatro. Rua Franklin Roosevelt, 210, Consolação. Sexta, sábado e segunda, 21h; domingo, 19h. R$ 20,00. Até 1º de julho.