“Toc Toc” faz cinco anos em cartaz. Parece que foi ontem
Extrair graça de temas delicados mostra-se sempre um risco: pode beirar a grosseria ou simplesmente não divertir. Grande sucesso na França, a comédia Toc Toc, escrita em 2005 por Lauren Baffie, apresenta personagens portadores de TOC, o transtorno obsessivo-compulsivo, na sala de espera de um consultório. Como o médico nunca aparece, a solução é iniciar uma […]


O elenco original em maio de 2008: Flávia Garrafa, Márcia Cabrita, Sergio Guizé, Rosane Gofman, Marat Descartes e Riba Carlovich (Foto: Piu Dip)
Extrair graça de temas delicados mostra-se sempre um risco: pode beirar a grosseria ou simplesmente não divertir. Grande sucesso na França, a comédia Toc Toc, escrita em 2005 por Lauren Baffie, apresenta personagens portadores de TOC, o transtorno obsessivo-compulsivo, na sala de espera de um consultório. Como o médico nunca aparece, a solução é iniciar uma terapia grupal para enfrentar a ansiedade.
Foi mais ou menos esse o início do texto publicado na edição de VEJA SÃO PAULO de 4 de junho de 2008, em que comentei a montagem dirigida por Alexandre Reinecke. A primeira sessão aberta ao público se deu em 10 de maio, no Teatro Cultura Artística – Sala Rubens Sverner, e ali começava a história de um grande sucesso dos palcos paulistanos. Nesses cinco anos, a comédia ainda cumpriu temporada no Rio de Janeiro e passou por outras oito cidades. O Teatro Cultura Artística foi destruído por um incêndio em agosto, três meses depois. Em busca de um espaço, Toc Toc transferiu-se para o Teatro Gazeta, de programação oscilante e dominado por cadeiras vazias. A regra teve sua exceção. Toc Toc formou filas pela Avenida Paulista, e o Gazeta virou um concorrido palco de comédias.
O tempo passa, milhares de peças – cheias de boas ou más intenções – entram e saem de cena o tempo inteiro, e Toc Toc continua firme e forte, desta vez no Teatro Bibi Ferreira. Já foram mais de 380 mil espectadores. Do elenco original, aquele que pisou no palco do Culturinha em maio de 2008, restou só Carolina Parra, que vivia a secretaria do médico e, hoje, interpreta Lili, representada por Flávia Garrafa nos primeiros dois anos. Lembra? A menina que repetia as frases o tempo inteiro. Andrea Mattar, Dídio Perini, João Bourbonnais, Cris Bonna, Ithamar Lembo e Laura Carvalho formam a escalação atual. Além de Flávia, o primeiro elenco trazia Márcia Cabrita, Rosane Gofman, Marat Descartes, Sergio Guizé e Riba Carlovich. “Fiz uma conta rápida de cabeça e foi uma média de 30 atores”, diz Alexandre Reinecke. “Alguns personagens tiveram três intérpretes, outros quatro ou cinco e apenas um, o Vincent, que foi lançado pelo Marat, teve seis”, completa o diretor. Entre esses nomes estão Sandra Pêra, Angela Barros, Giuseppe Oristânio, Ariel Moshe, Cynthia Falabella, Paulo Ivo, Ravel Cabral e Gustavo Vaz.
Já viu? Quer ver de novo? Toc Toc ocupa o Teatro Bibi Ferreira, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, nas sextas, às 21h30, sábados, 21h, e domingos, 19h, com ingressos a R$ 60,00 e R$ 70,00. E agora fica a pergunta? Qual é o segredo do sucesso de Toc Toc? Tenho meu palpite. Vivemos em um tempo em que muitas pessoas deixaram o juízo perfeito para trás. O que mais existe é gente dominada por compulsões e fazendo vistas grossas. Então elas devem gostar de ver uma peça divertida e bem dirigida para rir das manias alheias, não?

O elenco atual: Dídio Perini, João Bourbonnais, Andrea Mattar, Carolina Parra, Ithamar Lembo e Cris Bonna (Foto: Eduardo Tarran)