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MC Queer: “Sou militante usando a música, e não músico usando a militância”

A batida de funk é viciante, daquelas que dá vontade de cair na pista. O grito de guerra “O Fervo Também é Luta” mostra a que veio. No entanto, desde quando o vídeo Fiscal, do MC Queer foi publicado, há uma semana, o sentimento é controverso, até mesmo dentro do segmento LGBT. Conversamos com o redator […]

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Atualizado em 26 fev 2017, 13h22 - Publicado em 2 jun 2016, 12h36
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Mc Queer: funk dançante, letra forte (foto: Reprodução)

A batida de funk é viciante, daquelas que dá vontade de cair na pista. O grito de guerra “O Fervo Também é Luta” mostra a que veio. No entanto, desde quando o vídeo Fiscal, do MC Queer foi publicado, há uma semana, o sentimento é controverso, até mesmo dentro do segmento LGBT. Conversamos com o redator Felipe Cagnacci, de 31 anos, autor do projeto, para falar sobre a produção.

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O que é o MC Queer?

Eu não sou cantor. Mas sempre escrevi e estudei música como hobby e escrevo o que eu sinto. Falar sobre homofobia é urgente e esta é a minha causa. Por isso, criei no começo do ano o MC Queer, compus a letra e fui atrás de parceiros (uns sessenta) que topariam entrar no projeto, chamei amigos para montar o clipe.

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A música é funk, mas a letra é pesada em vários aspectos.

Sim. É controverso até mesmo dentro do segmento LGBT.  Eu queria colocar essa contradição. Ao usar a voz do opressor, eu me aproximo dele e luto por direitos. O funk chega para todo mundo e com ele, a gente fala sobre a homotransfobia com todo mundo, para o bem ou para o mal, e não apenas no segmento LGBT. O cara pode estar dançando e aí ele para para prestar atenção na letra e pensa nas atitudes.

Quanto ao funk, é um som que já abriga minorias e trazem questões como o empoderamento, a exemplo de MC Carol, Tati Quebra-Barraco e Valesca.

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Você encarou críticas dentro do segmento LGBT?

Uma das frases mais questionáveis é  “tem que ser macho para dar o próprio c*”, como se eu estivesse cutucando a figura do macho, sendo que há a desconstrução da figura deste macho. E era para chegar no opressor, para ele ver que está errado. Eu sabia que ia ser o teto de vidro, talvez eu tinha que ser mais cuidadoso, mas se fosse, perderia.

Estava preparado para a repercussão?

Eu queria ver esta discussão. Eu não estava preparado, já que eu nunca tinha feito música/clipe, mas eu sabia onde estava me metendo. Eu não esperava uma reposta tão rápida. Foi um pouco assustador. Recebi muito mais elogios do que críticas e fiquei muito feliz porque a problematização foi colocada, discutida.

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As críticas incomodaram?

Críticas enquanto artista, não. Não sou músico, sou escritor e só cantei porque o produtor musical, o Maestro Billy, disse que eu conseguiria colocar paixão na gravação. Não vou ganhar dinheiro com isso, não pretendo mudar de carreira. Aliás, o que eu ganhar aqui, vai ser doado para causa. Agora, quanto militante, sim.

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Se você não vai mudar de profissão, acabaram as faixas de MC Queer?

Estou com um disco para ser lançado nas próximas semanas e já recebi propostas para cantar. Eu consigo cantar ao vivo. Mas não penso em mudar de profissão, sou escritor, roteirista, redator. Eu sou militante que usa a música e não músico que usa a militância.

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