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Grandmaster Flash, o maestro do hip-hop

Pense em qualquer grande artista do hip-hop, um dos gêneros dominantes das paradas hoje. Pensou? Não importa a resposta, mas algo ele deve a Grandmaster Flash, DJ que se apresenta nesta sexta (24) na Superloft. Pioneiro das mesas de som, ele foi, ao lado de Afrika Bambaataa e Kool Herc, um dos mais influentes do estilo. […]

Por Luan Freires
Atualizado em 26 fev 2017, 16h57 - Publicado em 24 abr 2015, 18h50
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Pense em qualquer grande artista do hip-hop, um dos gêneros dominantes das paradas hoje. Pensou? Não importa a resposta, mas algo ele deve a Grandmaster Flash, DJ que se apresenta nesta sexta (24) na Superloft. Pioneiro das mesas de som, ele foi, ao lado de Afrika Bambaataa e Kool Herc, um dos mais influentes do estilo.

Quase sexagenário (em janeiro completou 57 anos), Flash, que nasceu em Barbados, criou, no pequeno apartamento da mãe no Bronx, em Nova York, a técnica backspin, na qual isola a batida de um dos dois discos que estão sendo tocados e a repete no outro, prolongando o segmento por tempo indeterminado.

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Parece difícil, mas influenciou gente dentro e fora do hip-hop. Termos como “cutting” (mudar de música sem perder a batida) e “phasing” (manipulação da velocidade do toca-discos) também entraram para o glossário dos DJs graças a ele. O scratch, aquele barulho de disco sendo arranhado, pode não ter sido inventado por ele, mas, sem dúvida, deve muito de sua popularidade ao músico, que o aperfeiçoou e o tornou palatável nas festas de rua da vizinhança do bairro.

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Tais festas foram uma reação à violência que se via nas ruas promovida pelas brigas de gangues. A energia era canalizada para a dança e a batalha de rappers, que formaram a cultura do hip hop junto ao graffiti. “A ideia era trazer as pessoas para se divertir, pois não gostávamos do que acontecia à nossa volta”, ele relembra na recepção do hotel onde está hospedado em São Paulo. “Não era para pacificar nada, a intenção era só dar uma festa, acabou funcionando.”

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Junto aos MCs Cowboy, Melle Mel, Kid Creole, Rahiem e Scorpio, formou o Grandmaster Flash & The Furious Five, um dos mais importantes da alvorada do hip hop. Na época, ficou amigo de Debbie Harry, do Blondie (“Flash is Flash/Flash is Cool”, ela canta em Rapture, de 1980) e abriu shows do The Clash em Nova York. “O público não compreendeu a razão de estarmos ali e nos vaiu muito”, lembra Flash. “Eram três dias: o primeiro foi um desastre, um pesadelo, mas tudo correu bem nos outros” Em uma fala quase pedagógica, o vocalista Joe Strummer teria dito aos punks que enchiam o local: “se não fosse por eles, The Magnificent Seven não existiria”.

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Ironicamente, o maior sucesso do conjunto, The Message (1982), representou uma mudança substancial na história do estilo. Dali em diante, o DJ teria papel secundário e os MCs seriam os protagonistas no palco. Flash, que via os colegas Bambaataa, Herc e ele próprio como os verdadeiros responsáveis pela explosão do hip hop, se ressentiu. O conjunto se desfez no mesmo ano e até tentou uma nova reunião em 1987, que durou apenas um ano.

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Os anos seguintes foram marcados por trabalhos irregulares do músico, permeados por problemas dele com a cocaína. Ele evita falar do tema, mas, ano passado disse ao The Guardian: “fui viciado e, quando atingi o fundo do poço, minha família, meus amigos e Deus me salvaram”. A produção voltou a ter certa regularidade no fim dos anos 90, quando ele passou por aqui pela primeira vez. Em 1999, tocou no Sesc Belenzinho dentro do festival Dulocô, que também teve a participação de Afrika Bambaataa.

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Em 2007, Flash entrou com os outros cinco integrantes do Furious Five no Hall da Fama do Rock, se tornando o primeiro grupo de hip-hop a conseguir tal façanha. “O reconhecimento veio na hora que deveria vir”, reflete. “Apenas continuei fazendo o que sempre fiz.” Na ocasião, eles foram apresentados pelo rapper Jay Z. O trabalho mais recente, The Bridge, foi lançado em 2009. Nele, há a participação de grandes nomes do gênero, entre eles Q-Tip, Busta Rhymes e Snoop Dogg. “São todos amigos, foi só questão de acertar detalhes de agenda, nada complicado.”

De volta à cidade depois de dezesseis anos, ele faz segredo sobre o repertório e garante que escolhe tudo na hora. Depois de quase quatro décadas como DJ e longe de ter as fortunas dos principais nomes do segmento hoje, Flash diz que sua maior recompensa é saber que estava onde tudo começou. “Reconhecimento é dado, não quero pedir ou implorar por ele”, comenta. “Acho que esse é o meu melhor momento, tenho viajado como nunca, está bom para alguém que saiu do Bronx nas minhas condições.”

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