Tapumes na cidade limpa
Em vigor desde 2007, a Lei Cidade Limpa mudou de vez a paisagem da cidade. A medida proibiu os outdoors (lembra deles?) e regulou o tamanho dos letreiros dos estabelecimentos comerciais. Mas foi bem generosa com as manifestações artísticas, autorizando patrocínios de painéis e grafites, desde que o nome da marca não aparecesse. Incorporadoras e construtoras, que passam […]
Em vigor desde 2007, a Lei Cidade Limpa mudou de vez a paisagem da cidade. A medida proibiu os outdoors (lembra deles?) e regulou o tamanho dos letreiros dos estabelecimentos comerciais. Mas foi bem generosa com as manifestações artísticas, autorizando patrocínios de painéis e grafites, desde que o nome da marca não aparecesse. Incorporadoras e construtoras, que passam meses exibindo seus tapumes sem graça, viram aí um jeito de marcar presença de forma criativa.
A incorporadora Idea! Zarvos, sediada na Vila Madalena, firmou parceria com a Coletivo Rua, produtora responsável por providenciar tudo o que for necessário ao trabalho de artistas urbanos, fornecendo tintas, andaimes, sprays, pinceis e autorizações junto à prefeitura. O grupo é associado à Galeria Choque Cultural, expoente da arte urbana da cidade localizado na Rua João Moura, em Pinheiros.
A proposta é criar estampas coloridas de enormes proporções que cobrirão todo o entorno da obra. “São seis ou sete artistas pintando ao mesmo tempo”, conta o Eduardo Saretta, um dos sócios da produtora. As linhas são feitas à mão e depois coloridas também à mão, num trabalho que se estende por vários dias. “Muitas vezes os vizinhos se sensibilizam, descem e nos oferecem um cafezinho”, diz Saretta. Ele conta que as restrições impostas pela lei Cidade Limpa fizeram das pinturas em grande superfícies mais raras e, assim, mais valorizadas. “Fazer arte na rua hoje é algo bem visto e que agrega valor aos espaços”, afirma.
A Zarvos foi uma das primeiras a apostar em projetos de arquitetura contemporânea, abrindo espaço para profissionais que, apesar da competência, não tinham muita vez dentro do mercado imobiliário. Segundo Otávio Zarvos, o homem por trás da ideia, já declarou em reportagem de VEJA SÃO PAULO, seu negócio prosperou ao proporcionar a arquitetos pouco acostumados com o mercado apoio técnico, mercadológico e de legislação para produzir (leia aqui).
Essa parceria com novos (e nem tão novos) talentos da arquitetura paulistana deu uma aura cool e descolada à Zarvos. Nessa esteira, o investimento em tapumes artísticos parece querer despertar o interesse de potenciais compradores antes mesmo de o imóvel sair do chão.